Ohad Ben-Ami foi um dos três reféns libertados pelo Hamas que tiveram de passar por um palco ao lado de homens armados e encapuzados.
Ohad Ben-Ami foi um dos três reféns libertados pelo Hamas que tiveram de passar por um palco ao lado de homens armados e encapuzados.EPA/HAITHAM IMAD

"Monstros" e "assassinatos a conta gotas". Acusações entre Hamas e Israel ameaçam segunda fase do cessar-fogo

Netanyahu terá enviado uma delegação a Doha para as negociações previstas para segunda-feira. Contudo, o Hamas dá sinais de que afinal o caminho será duro. Reféns libertados com "desnutrição grave".
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Foi um sábado de bastantes emoções na Faixa de Gaza e em Israel, com a libertação de mais três reféns do Hamas e, em contrapartida, de 183 prisioneiros palestinianos.

Os israelitas Eli Sharabi, Ohad Ben Ami e Or Levy, que foram feitos reféns a 7 de outubro de 2023, reencontraram as respetivas famílias, depois de desfilarem num palco ao o lado de homens armados do Hamas, um autêntico desfile que não agradou às autoridades israelitas

Do outro lado, prisioneiros palestinianos, dos quais 18 cumpriam penas de prisão perpétua, regressarem a casa em autocarros e foram automaticamente "engolidos" pela multidão que celebravam a libertação.

Com a primeira fase do cessar fogo a chegar ao final, já esta segunda-feira, surgiu a notícia de que o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu já enviou uma delegação a Doha, no Qatar, para negociar a segunda fase do cessar-fogo, que visa a libertação dos restantes reféns por parte do Hamas e a retirada total das tropas de Israel de Gaza e, dessa forma, terminar em definitivo com a guerra que dura há 16 meses.

No entanto, as negociações deverão ser bastante duras, pois do lado do Hamas surgiram sinais de que, afinal, essa nova trégua estará ameaçada. Quem o disse foi Bassem Naïm, membro do gabinete político do movimento islamista palestiniano que, em entrevista à AFP, acusou Israel de ter utilizado uma estratégia de adiar a implementação da primeira fase do acordo de cessar-fogo, que está em vigor desde 19 de janeiro. E nesse sentido alertou que o acordo poderá estar "em perigo e pode levar ao seu colapso".

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Hamas alerta que cessar-fogo com Israel está em perigo e "pode colapsar"

Um alerta que pode não estar muito longe da realidade. Isto a avaliar pelas palavras do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyhau, que num vídeo publicado nas redes sociais no qual saudou a libertação dos reféns, mas aproveitou para deixar um aviso ao Hamas, sobretudo por aquilo que disse ser uma cerimónia que fizeram na libertação dos reféns.

“Vimos novamente o monstro que é o Hamas. São os mesmos monstros que massacraram os nossos cidadãos e abusaram dos nossos reféns", frisou Netanyhau, reafirmando que o seu governo fará "tudo para que sejam devolvidos todos os reféns em segurança".

A propósito da forma como os reféns foram libertados pelo Hamas, o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) veio assumir “cada vez mais preocupação com as condições que rodeiam as operações de libertação”.

“Pedimos veementemente a todas as partes, incluindo os mediadores, que assumam a responsabilidade de garantir que futuras libertações sejam dignas e privadas”, disse a organização num comunicado, depois de Or Levy, Ohad Ben Ami e Eli Sharabi terem sido exibidos no palco por homens armados antes de serem entregues a Israel.

Reféns libertados com "desnutrição grave"

Hagar Mizrahi, chefe da Divisão Médica Geral do Ministério da Saúde de Israel, revelou entretanto que os reféns libertados pelo Hamas denotavam uma “perda de peso significativa”, acrescentando que as avaliações clínicas mostraram que todos eles sofrem de “desnutrição grave”.

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Este responsável, que ao longo deste processo de libertação tem feito o ponto de situação do estado em que os reféns se encontram, acrescentou que as condições de saúde que apresentam são resultado das "condições severas" em que Or Levy, Eli Sharabi e Oham Ben Ami foram sujeitos enquanto estiveram sob cativeiro do Hamas.

Só que as queixas relativamente ao estado de saúde dos prisioneiros foram também apresentadas pelo Hamas, acusando em comunicado publicado nas redes sociais que alguns deles foram sujeitos "a agressões e maus-tratos sistemáticos" por parte das autoridades prisionais israelitas, considerando tratar-se de "um total desprezo pela idade ou pelos problemas de saúde que enfrentam".

O Hamas acusou mesmo Israel de praticar uma "política de assassinato a conta-gotas dentro das prisões", que levou à hospitalização de alguns dos palestinianos libertados este sábado.

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