Modi ataca o colonialismo nos 75 anos de independência da Índia

Primeiro-ministro discursou nas muralhas do Forte Vermelho em Nova Deli, afirmando que o país tem de esmagar a "térmita" da corrupção e do nepotismo.
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Foi no Forte Vermelho, em Deli, decorado com retratos dos heróis da libertação e guardado por elefantes mecânicos e depois de uma salva de 21 tiros, pela primeira vez disparados por canhões fabricados localmente sob a estratégia industrial Make In India que Narendra Modi ontem assinalou os 75 anos de independência da Índia. Envergando um turbante bege com as cores nacionais, o primeiro-ministro afirmou que os indianos deveriam livrar-se do "colonialismo na mente e nos hábitos".

"Centenas de anos de colonialismo restringiram os nossos sentimentos, distorceram os nossos pensamentos. Quando vemos a menor coisa relacionada ao colonialismo, dentro ou ao nosso redor, devemos livrar-nos dela", insistiu Modi num discurso de 90 minutos a partir das muralhas do forte.

O primeiro-ministro, que em 2014 levou os nacionalistas do seu partido BJP ao poder, afirmou ainda que a Índia deve esmagar a "térmita" da corrupção e do nepotismo e seguir o lema "India First". "A Índia autossuficiente é responsabilidade de cada cidadão, cada governo, cada unidade da sociedade", disse ele. "Devemos trabalhar juntos por uma Índia industrial avançada", pediu Modi.

"Chegou a hora de um federalismo competitivo cooperativo", declarou ainda o chefe de Governo, que defendeu "uma competição saudável entre os estados para progredir nos diferentes setores".

A quinta maior economia mundial (terceira maior da Ásia) registrou um aumento significativo na atividade económica no final de 2021, depois de sofrer a pior recessão desde a independência devido à crise sanitária da covid. As previsões de crescimento para este ano são de 8,1%.

A Joia da Coroa do Império Britânico conquistou a independência em 1947, após dois séculos de ocupação e exploração colonial, com o Reino Unido em terríveis dificuldades financeiras no final da Segunda Guerra Mundial. O Raj britânico partia-se assim numa Índia de maioria hindu e um Paquistão de maioria muçulmanos, com as novas fronteiras a obrigar a um sangrento movimento de populações.

A população da Índia cresceu exponencialmente, de 340 milhões de habitantes na época para 1400 milhões hoje e espera-se que na próxima década ultrapasse a China em número de pessoas.

Mas apesar de ter se tornado uma das maiores economias do mundo, milhões de pessoas ainda vivem abaixo da linha da pobreza e o governo luta para criar empregos para a sua enorme população.

As mulheres sofrem marginalização e altos níveis de violência sexual, enquanto o sistema hindu de castas, muitas vezes opressivo e inescapável, permanece em vigor em grande parte do país.

Quanto à religião, os fundadores da Índia independente esforçaram para garantir a livre prática da fé, preservando a separação entre Estado e religião. Porém, muitos, particularmente a minoria muçulmana de 200 milhões, temem pela perda desses ideais na Índia governada pelo BJP de Modi, forte defensor da hegemonia hindu.

Com AFP

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