O Conselho Constitucional tem até esta segunda-feira para proclamar os resultados das eleições gerais, que incluíram presidenciais, legislativas e provinciais, realizadas a 9 de outubro. O candidato presidencial independente Venâncio Mondlane já alertou “que está nas mãos do Conselho Constitucional a paz ou o caos em Moçambique”..Os resultados anunciados em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições deram a vitória nas presidenciais, com 70,67% dos votos, a Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, mas precisam ainda de ser validados pelo Conselho Constitucional, última instância de recurso em contenciosos eleitorais. A Frelimo, no poder desde a independência, foi também declarada vencedora das legislativas e das provinciais. .Mondlane, um dos quatro candidatos presidenciais, segundo a CNE, ficou em segundo lugar, com pouco mais de 20% dos votos, e desde então tem convocado em todo o país paralisações e manifestações a contestar os resultados, que têm culminado em violência e confrontos com a polícia, tendo levado à morte de, pelo menos, 130 pessoas e mais de 2000 feridos, segundo a Plataforma Eleitoral Decide..“Se for uma mentira eleitoral, vamos levar o país ao precipício, ao caos e à desordem”, afirmou Mondlane numa transmissão nas redes sociais há uma semana, dizendo ao Constitucional que “o país está nas vossas mãos”, mas sublinhando que “se conseguirmos a verdade eleitoral, iremos para a paz”. Johann Smith, analista de riscos políticos e de segurança em Maputo, disse à AFP estar convencido “que se [hoje] o Conselho Constitucional declarar as eleições livres e justas, o que estou 100% convencido que acontecerá, então o sangue vai correr”..Em entrevista ao DN publicada na sexta-feira, a presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro, disse que “a decisão sobre a paz ou o caos está nas mãos do autor da afirmação” e que as declarações de Mondlane constituem “um comando antecipado que legitima os seus seguidores, caso o resultado que vier a ser proclamado não lhes for favorável, a recorrer a atos de violência extrema”. Lúcia Ribeiro acusou ainda Mondlane de tentar “intimidar” os juízes do Constitucional, admitindo, porém, que o órgão a que preside “não é alheio ao impacto da sua decisão, neste contexto de diversidade de convicções, de inquietações e de desentendimentos”..Na mira do candidato independente tem estado também o presidente Filipe Nyusi. Na quarta-feira, Mondlane disse estar “profundamente convencido” que Nyusi quer ter razões para declarar o estado de emergência e permanecer no poder, convicção que surgiu após uma conversa telefónica entre os dois. No dia seguinte, Nyusi respondeu a esta acusação garantindo não ter “nenhuma intenção de permanecer no poder e muito menos de fazer um terceiro mandato, como muitos queriam (...) ou ainda (...) proclamar o estado de sítio ou decretar o estado de emergência para me manter no poder”, comprometendo-se a deixar o cargo em janeiro, mês previsto para a tomada de posse do seu sucessor..com agências