Qualquer esforço para pôr fim às atrocidades cometidas pelos israelitas na região e à sua carnificina no Líbano e noutros lugares deve ser bem-vindo. Penso que Israel está a tentar arrastar toda a região para uma guerra em grande escala”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, referindo-se ao cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah, durante um encontro esta quarta-feira com jornalistas em Lisboa. “E é responsabilidade da comunidade internacional e dos apoiantes dos israelitas, especialmente dos Estados Unidos, parar estas invasões e parar estas atrocidades e evitar uma grande tragédia no Líbano”, acrescentou Abbas Araghchi, que veio a Portugal para participar no 10.º Fórum Global da Aliança das Civilizações das Nações Unidas. .O chefe da diplomacia da República Islâmica recusou a ideia de que o Hezbollah, milícia xiita aliada do Irão, esteja enfraquecida depois de dois meses de ofensiva israelita no Líbano, que incluiu a morte de Hassan Nasrallah, o líder desde há três décadas. “Se tivesse sido enfraquecido, não creio que Israel tivesse aceitado um cessar-fogo. É evidente que o Hezbollah foi capaz de se reorganizar e de mostrar uma resistência heróica no Sul do Líbano, enfrentando as forças israelitas e causando um grande número de baixas. Penso que esta é a principal razão pela qual Israel aceitou o cessar-fogo. Portanto, o Hezbollah não foi enfraquecido. Sim, perdeu o seu líder, mas não é a primeira vez que o Hezbollah perde o líder. E cada vez que perde os líderes ou comandantes, ressurge. Vai acontecer outra vez. O Hezbollah é um grande ator no Líbano”, sublinhou Araghchi, diplomata de carreira, que foi embaixador no Japão e fez o doutoramento no Reino Unido. .No último ano, mais de 3700 libaneses morreram em consequência dos ataques israelitas, a esmagadora maioria depois do início da ofensiva na noite de 30 setembro. Do lado israelita, depois de o Hezbollah ter começado a bombardear o norte de Israel em solidariedade com o Hamas, morreram 45 civis e 73 soldados, a maioria também na fase mais recente do conflito..Sobre as declarações do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de que o cessar-fogo no Líbano permitirá ao Estado Judaico concentrar-se no Irão, Araghchi comentou: “O regime israelita conhece as nossas capacidades. Sabem como nos podemos defender. Mas devo sublinhar que, ao contrário dos israelitas, não queremos uma escalada na região. É claro que estamos preparados para uma guerra, mesmo uma guerra de grande escala. Mas esse não é o nosso desejo. Não é a nossa escolha. Se os israelitas optarem por esta escolha, estamos totalmente preparados para isso. Mas eles deveriam ser responsabilizados por quaisquer consequências”. .O ministro, que falava na embaixada iraniana em Lisboa, fez questão ainda de referir o sofrimento em Gaza, onde a guerra entre Hamas e Israel prossegue, alertando que sem solução para os palestinianos não haverá verdadeira paz no Médio Oriente.