O ministro do Património de Israel, o ultranacionalista Amichay Eliyahu, defendeu que os restantes reféns israelitas que estão na Faixa de Gaza deviam passar a ser considerados prisioneiros de guerra. As declarações polémicas já foram condenadas pelo presidente israelita, Isaac Herzog, assim como pela oposição. “Os prisioneiros de guerra só são tratados depois da vitória. Primeiro, o Hamas deve ser derrotado”, afirmou Eliyahu numa entrevista à rádio Kol Chai. “Muitas pessoas dão prioridade aos reféns em vez da vitória. Isso é um erro. Estou a pedir a libertação dos prisioneiros de guerra após a derrota do Hamas, não antes”, concluiu o ministro do Otzma Yehudit, o partido de Itamar Ben-Gvir (o ministro da Segurança Nacional). “Fiquei chocado ao ouvir, nos últimos dias, que alguns estão a tentar normalizar a questão dos reféns com terminologia... Não são ‘prisioneiros de guerra’, são reféns. Reféns que devem regressar a casa o mais rapidamente possível, cada um deles”, disse Herzog. Há ainda 50 reféns na Faixa de Gaza (apenas um deles raptado ainda antes dos ataques do 7 de outubro de 2023), sendo que apenas 20 devem ainda estar vivos. O Fórum dos Reféns e das Famílias das Pessoas Desaparecidas afirmou, em comunicado, que “os comentários ultrajantes do ministro ultrapassaram até os seus próprios padrões” e personificam “uma profunda falha moral e ética”. O Fórum lembrou que “prisioneiros de guerra são soldados capturados pelo exército de outro país”, enquanto os reféns “foram raptados por uma organização assassina no solo soberano do Estado de Israel, no maior fracasso desde o estabelecimento do Estado”.Eliyahu já causou polémica em 2023 quando defendeu que deviam ser usadas armas nucleares para destruir o enclave palestiniano. “Depois de propor lançar uma bomba atómica sobre Gaza e exterminar Gaza, agora Amichay Eliyahu propõe abandonar os reféns para a morte”, disse o líder da oposição Yair Lapid. “Se não for demitido, o Governo israelita estará a admitir ter abandonado os reféns”, acrescentou. Na semana passada, o mesmo ministro disse que o governo israelita estava a “destruir” Gaza e que todo o território seria judeu. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, teve que vir dizer que Eliyahu não falava em nome do Governo e nem sequer faz parte do Gabinete de Guerra. .Reconhecimento do Estado palestiniano: mais do que um gesto simbólico para pressionar Israel?.Trump envia Witkoff à Faixa de Gaza para avaliar distribuição de ajuda humanitária