Um comandante do exército que liderou um motim em Madagáscar anunciou esta terça-feira, 14 de outubro, que os militares tomaram o poder depois de o presidente Andry Rajoelina ter fugido do país no domingo após semanas de protestos liderados por jovens e entretanto destituído pela Assembleia Nacional. “Tomámos o poder”, disse o coronel Michael Randrianirina na rádio, adiantando que os militares estavam a dissolver todas as instituições, exceto a Assembleia Nacional.Mais tarde, este responsável explicou ainda, segundo a Reuters, que o país vai ser governado por um período até dois anos por um comité liderado pelos militares, juntamente com um governo de transição, e só depois organizar novas eleições. “As seguintes instituições estão suspensas: o Senado, o Tribunal Superior Constitucional, a Comissão Eleitoral Nacional Independente, o Tribunal Superior de Justiça e o Conselho Superior para a Defesa dos Direitos Humanos e do Estado de Direito”, refere um comunicado dos líderes militares.O tribunal superior de Madagáscar convidou esta terça-feira Randrianirina para servir como novo presidente do país, alegando que Rajoelina já não pode exercer as suas funções. Os juízes pediram ainda ao novo chefe de Estado para organizar novas eleições no prazo de 60 dias.Horas antes desta declaração militar, Andry Rajoelina tinha assinado um decreto que dissolvia a Assembleia Nacional, que pretendia votar a sua destituição por “abandono de cargo”, depois de ter saído de Madagáscar no domingo na sequência de semanas de protestos liderados por jovens e que já contavam com o apoio dos militares. Mesmo assim, os deputados da Assembleia Nacional avançaram com a votação para a destituição de Rajoelina, que foi aprovada, deixando o país num impasse, até os militares declararem que estavam a assumir o controlo.Num discurso ao país feito na segunda-feira à noite a partir de um local desconhecido, Rajoelina tinha descartado demitir-se e apelado ao “respeito pela Constituição”, garantindo ainda ter saído do país com receio pela sua vida após a rebelião militar dos dias anteriores e que já tinha levado o presidente malgaxe a dizer que estava em curso uma tentativa ilegal de tomada do poder.Rajoelina apelou ainda ao diálogo “para encontrar uma saída para esta situação”, não tendo revelado como deixou Madagáscar, nem onde estava. A RFI noticiou na segunda-feira que tinha sido levado para fora do país num avião militar francês.Os protestos começaram a 25 de setembro, encabeçados por um movimento de jovens chamado Gen Z Mada, contra os recorrentes cortes de água e eletricidade, mas cedo se tornaram antigovernamentais, exigindo a demissão de Rajoelina..Presidente Rajoelina fugiu de Madagáscar após semanas de protestos