Cardeais prestam homenagem a Francisco em Santa Maria Maior. Mais de 30 mil pessoas já passaram pela basílica

A Congregação Geral dos Cardeais vai reunir-se na segunda-feira de manhã para decidir a data de início do Conclave que escolherá o novo Papa. Segundo as regras, o Conclave deve começar entre 15 e 20 dias após o início da Sede Vacante, o que coloca a data provável entre 5 e 10 de maio.

O cardeal alemão Reinhard Marx afirmou que acredita que o Conclave "durará pouco" e que esta semana será importante para os cardeais se conhecerem melhor e chegarem a acordos.

Um grande grupo de cardeais está na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, para homenagear o falecido papa Francisco e rezar junto túmulo onde o líder da igreja católica foi enterrado no sábado.

Os cardeais, que desde a morte do papa, a 21 de abril, foram chegando ao Vaticano, onde iniciam os preparativos para o conclave, entraram na igreja após esta ter aberto as portas ao público, logo pela manhã, para as pessoas poderem visitar o túmulo de Francisco.

Desde as 07:00 horas locais (08:00 em Lisboa), pelo menos 30.000 pessoas passaram pela basílica para ver o túmulo de Francisco, de acordo com o presidente da Câmara de Roma, Lamberto Giannini.

Depois de passarem em frente ao túmulo do falecido papa Francisco, os cardeais iniciaram a liturgia das segundas vésperas, por volta das 16:00 (17:00 de Lisboa), na igreja que acolhe o túmulo, que tem a inscrição “Franciscus” – o seu nome em latim - feito de mármore da Ligúria, a região italiana de onde eram os seus avós maternos.

Depois de participarem no funeral do papa, no sábado, os cardeais continuarão com as congregações gerais na segunda-feira, as reuniões preparatórias para o conclave, o qual poderá ser agendado também na segunda-feira, com o objetivo de encontrar um candidato e estabelecer alianças para votarem na Capela Sistina do Vaticano.

Na homilia de hoje, discursando perante uma praça de São Pedro cheia, com milhares de jovens por ocasião do Jubileu dos Adolescentes, o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado de Francisco, evocou o papa sepultado ontem.

“O pastor que o Senhor deu ao seu povo, o Papa Francisco, terminou a sua vida terrena e deixou-nos. A dor pela sua partida, a tristeza que nos assalta, a perturbação que sentimos no coração, a sensação de desorientação: estamos a viver tudo isto, como os apóstolos entristecidos pela morte de Jesus”, afirmou, pedindo aos jovens “alegria pascal” para superar estes momentos.

“A todos vós, dirijo uma saudação especial, com o desejo de vos fazer sentir o abraço da Igreja e o carinho do Papa Francisco, que teria desejado encontrar-vos, olhar-vos nos olhos e passar no meio de vós para vos saudar”, acrescentou.

O cardeal recordou que o papa “foi testemunha luminosa de uma Igreja que se inclina com ternura perante os feridos e cura com o bálsamo da misericórdia”, lembrando ao mundo que “não pode haver paz sem o reconhecimento do outro, sem a atenção aos mais fracos”.

Cerca de 20.000 pessoas deslocaram-se esta manhã à Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, para visitar o túmulo do Papa Francisco, indicaram à agência EFE fontes policiais.

No documento inserido num tubo metálico e colocado no caixão do papa, pode ler-se que Jorge Bergoglio era "um simples pastor, que viajava de transportes públicos e preparava o seu próprio jantar".

Leia a história completa aqui:

Desde as 6 da manhã, quando a Basílica de Santa Maria Maior abriu as portas, que se mantém um fluxo ininterrupto de fiéis que querem rezar junto do túmulo do Papa Francisco.

Antes da abertura de portas, já havia centenas de pessoas no local e, à medida que as horas foram passando, a fila foi ficando cada vez maior com milhares de pessoas a querer prestar homenagem a Francisco junto do túmulo do papa, após o funeral de sábado.

Centenas de pessoas já esperavam ao amanhecer, antes da abertura, e agora a fila tornou-se maior por causa dos milhares de pessoas que chegaram.

Só é possível ficar junto ao túmulo por alguns segundos.

Por cima da lápide de mármore, que ostenta a única inscrição "Franciscus" — Francisco em latim — está pendurada a cruz do "bom pastor", uma cópia da usada pelo papa, iluminada por uma luz suave.

Imagens de satélite disponibilizadas pela Maxar Technologies mostram a Praça de São Pedro durante a missa fúnebre do papa Francisco, na Cidade do Vaticano, neste sábado.

O presidente da Assembleia da República considerou que o funeral do Papa, em que esteve presente, foi um “momento de homenagem a uma figura única, que mereceu justo reconhecimento por parte de milhares de pessoas e também daqueles que têm o poder no mundo”.

“Espero é que sigam o exemplo do seu legado e que também eles, aqueles que têm o comando do mundo, possam ter ações concretas, iniciativas concretas que conduzam àquilo que foi sempre a missão do Papa, que foi a paz”, salientou José Pedro AguiarBranco em declarações à Lusa é à Rádio Renascença.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, defendeu hoje que o próximo Papa deve ser “alguém que é escutado”.

“Não basta falar, é preciso ser escutado, há uma grande diferença entre falar e ser escutado, e este Papa conseguiu, fruto da sua autenticidade por um lado, fruto da sua simplicidade por outro, da proximidade e depois do acolhimento que a sua palavra também encontrava”, afirmou à Lusa e à Rádio Renascença, defendendo que é preciso “alguém que tenha esta capacidade, este impacto, isso constrói-se, às vezes não é fácil e não é imediato”.

Luís Montenegro falava à Lusa e à Rádio Renascença em Roma, após o funeral do Papa Francisco.

A morte do Papa Francisco deve marcar a abertura da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que começa na segunda-feira em Fátima.

É esperado que o tema seja abordado na intervenção inicial do presidente da CEP, José Ornelas, ao mesmo tempo que durante os trabalhos, que se prolongam até quinta-feira, não estarão presentes os cardeais Manuel Clemente, António Marto e Américo Aguiar.

Estes membros do episcopado português – os dois primeiros, bispos eméritos de Lisboa e Leiria-Fátima, e o terceiro bispo de Setúbal – estarão em Roma, onde participam nas reuniões que antecedem o início do conclave para a eleição do novo pontífice, onde terão direito de voto, tal como o cardeal José Tolentino Mendonça, prefeito o Dicastério para a Cultura e a Educação, na Cúria Romana.

Ao longo dos quatro dias de trabalhos, os participantes na reunião vão refletir em “estilo sinodal” sobre a situação dos seminários, além de analisarem propostas de documentos pastorais sobre a “Liturgia viva da Igreja”, “O primado da pessoa e da sua consciência” e “A família”.

Lusa

Pelo menos 400 mil pessoas assistiram hoje ao funeral do Papa Francisco, incluindo fiéis reunidos na Praça de São Pedro e ao longo da procissão pelas ruas de Roma, disse hoje o Ministro do Interior de Itália.

Segundo Matteo Piantedosi, entre as presentes na Praça de São Pedro e as que estiveram ao longo do caminho até à Basílica de Santa Maria Maior ascenderam a pelo menos 400 mil.

Este número revê em alta os anteriormente dados pelas autoridades.

Lusa

Segundo o diretor do serviço de imprensa do Vaticano, Matteo Bruni, poderá ser visitado já a partir da manhã de domingo, sendo expectável uma grande afluência ao local.

O Presidente da República considerou que o próximo conclave vai escolher entre “um Papa de transição” ou um líder da Igreja Católica “tão inovador e tão de rutura” como foi Francisco.

“[Ou] é um Papa de transição, que aconteceu com João Paulo II e depois Bento XVI, ou é um Papa tão inovador e tão de rutura como Francisco. Normalmente não há dois seguintes a ser, mas pode ser que sim”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa à RTP, depois das cerimónias fúnebres do papa Francisco em que esteve presente.

Em paralelo às cerimónias fúnebres, o dia ficou marcado pelo encontro de 15 minutos entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky, o primeiro desde a humilhação a que o ucraniano foi sujeito na Sala Oval, em 28 de fevereiro.

A reunião foi "positiva", disse uma fonte da presidência francesa à Reuters. O mesmo disse o presidente ucraniano numa publicação no X.

"Foi uma boa reunião. Discutimos muita coisa individualmente. Espero que haja resultados em tudo o que abordámos", escreveu. "Reunião muito simbólica que tem potencial para se tornar histórica, se conseguirmos resultados conjuntos", concluiu.

No entanto, ao contrário do que o gabinete da presidência ucraniana sugeriu, não se realizou uma segunda reunião depois da missa fúnebre.

A cerimónia do enterro em Santa Maria Maior decorre longe dos olhares do público, da comunicação social e dos convidados. Os restos mortais de Francisco repousam num caixão simples de madeira, revestido de zinco, ao contrário do que é tradição -- o papa é enterrado em três caixões, sendo um de cipreste, outro de chumbo e outro de carvalho. As exéquias foram seguidas por uma multidão calculada em 250 mil pessoas e à qual acorreram líderes mundiais. A ocasião foi aproveitada para uma reunião entre os presidentes dos EUA e da Ucrânia.

O cardeal Rolandas Makrickas, arcipreste coadjutor da basílica de Santa Maria Maior, revelou que a pedra do túmulo de Francisco, no chão de um nicho da nave lateral entre a capela Paulina (capela da Salus Populi Romani) e a capela Sforza, é feita com ardósia de Lavagna e tem origem em Cogorno, na região da Ligúria. Nada de mais, não fosse ser essa localidade a terra do bisavô materno de Jorge Bergoglio, Vincenzo Sivori, que emigrou para a Argentina. As raízes de Bergoglio na região do Piemonte são mais do que conhecidas (inclusive aprendeu o dialeto com os avós), mas a ligação à Ligúria é menos conhecida.

Segundo a presidente da associação industrial da ardósia da Ligúria, que representa 18 pedreiras, o material em questão "não é uma pedra nobre". Diz Franca Garbarino que a ardósia "sempre foi a pedra do povo".

A última viagem terrena de Francisco, do Vaticano até à basílica de Santa Maria Maior, é assegurada pelo papamóvel.

A presidência ucraniana divulgou fotografias da reunião havida na basílica de São Pedro entre Volodymyr Zelensky e Donald Trump.

Segundo a presidência ucraniana, o encontro durou cerca de 15 minutos. "Os líderes concordaram em continuar as negociações hoje. As equipas estão a trabalhar na organização da reunião subsequente."

O primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o presidente francês Emmanuel Macron também estiveram presentes em dado momento, como registou uma das fotografias.

A liturgia chegou ao fim. O féretro de Francisco regressou à basílica de São Pedro. Irá seguir-se uma procissão pelas ruas, onde as 250 mil pessoas presentes poderão acompanhar a viagem até à basílica de Santa Maria Maior.

Seguindo o desejo expresso de Francisco, os rituais fúnebres foram simplificados e algumas tradições foram rompidas. Desde logo com o local escolhido para a sua última morada: de acordo com o seu testamento, datado de junho de 2022, o jesuíta deu instruções para ser sepultado na basílica de Santa Maria Maior e não na cripta que se situa debaixo da basílica de São Pedro. "O túmulo deve ser no chão; simples, sem decoração especial e com uma única inscrição: Franciscus", lê-se no testamento. A sepultura ficará na nave esquerda da basílica, entre a capela Paulina e a a capela da família Sforza, um espaço construído no século XVII.

Na basílica de Santa Maria Maior reside um ícone de Maria, Salus Populi Romani (salvação do povo romano), chegado a Roma em 590 d.C. e que terá sido pintado por São Lucas, o Evangelista.

Francisco sentia grande ligação a esta imagem, que é um símbolo dos jesuítas sobre a sua atividade missionária. Era ali que ia rezar antes e depois de cada viagem, e foi àquele local que se dirigiu depois de ter saído do hospital.

Ao escolher ser enterrado em Santa Maria Maior, Francisco rompeu uma tradição de mais de 120 anos. O último papa enterrado fora do Vaticano foi Leão XIII, cujo restos mortais repousam na basílica de São João de Latrão.

A ordem protocolar fez sentar o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa na segunda fila, exatamente atrás do presidente norte-americano Donald Trump, que está acompanhado da mulher, Melania, e ao lado do presidente da Polónia Andrzej Duda. Também na primeira fila encontra-se o chefe do Estado francês Emmanuel Macron e mulher, Brigitte e entre estes e Trump senta-se o presidente finlandês Alexander Stubb. À esquerda do casal Trump está o presidente da Estónia Alar Karis e o rei de Espanha, Felipe.

Na homilia do funeral do papa Francisco, na Praça de São Pedro, no Vaticano, o cardeal Giovanni Batistta Re realçou que Francisco “foi um Papa no meio do povo, com um coração aberto a todos”, atento ao que “de novo estava a surgir na sociedade”.

Re destacou a persistência de Jorge Bergoglio na reta final do papado: "Apesar da sua fragilidade e sofrimento nas últimas etapas da vida, o papa Francisco escolheu seguir o caminho de entrega até ao último dia da sua vida terrena."

O decano do colégio cardinalício disse também que “a manifestação popular de afeto e adesão” após a sua morte mostram “quanto o intenso pontificado do papa Francisco tocou mentes e corações”.

“Com o vocabulário que lhe era característico e com a sua linguagem rica de imagens e metáforas, procurou sempre iluminar os problemas do nosso tempo com a sabedoria do Evangelho, oferecendo uma resposta a luz da fé e encorajando-nos a viver como cristãos os desafios e as contradições destes anos cheios de mudanças, que ele gostava de descrever como uma ‘mudança de época”, disse o cardeal Re na praça de São Pedro.

Depois de 250 mil fiéis se terem despedido de Francisco, a urna foi encerrada numa cerimónia realizada na sexta-feira à noite. Como é tradição, o rosto do pontífice foi coberto com um véu de seda branca e dentro do caixão foram colocados objetos simbólicos: moedas e medalhas cunhadas durante o seu pontificado e um tubo de metal com a Rogito, documento que resume a sua vida e o seu pontificado. Os objetos foram selados pelo mestre das Celebrações Litúrgicas e acompanhados por orações silenciosas.

Segundo a agência Vatican News, a Rogito começa desta forma: "Connosco peregrino da esperança, guia e companheiro de caminho rumo à grande meta à qual somos chamados, o Céu, no dia 21 de abril do Ano Santo de 2025, às 7h35 da manhã, enquanto a luz da Páscoa iluminava o segundo dia da Oitava, Segunda-feira do Anjo, o amado Pastor da Igreja, Francisco, passou deste mundo para o Pai. Toda a Comunidade cristã, especialmente os pobres, louvava a Deus pelo dom de seu serviço prestado com coragem e fidelidade ao Evangelho e à mística Esposa de Cristo."

A hipótese já tinha sido levantada pela diplomacia de Kiev há dois dias e confirma-se: o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky (que foi aplaudido ao chegar à praça de São Pedro) e o homólogo norte-americano Donald Trump reuniram-se antes das exéquias e irão reunir-se de novo no final da cerimónia para discutirem o caminho diplomático para um cessar-fogo. O presidente dos EUA tem exercido pressão sobre o ucraniano e mais recentemente tem afirmado que a Ucrânia terá de ceder a Crimeia, anexada pela Rússia de Putin em 2014. Kiev rejeita reconhecer a perda de territórios.

É reservado aos cardeais os lugares centrais da cerimónia. Os convidados oficiais das 156 delegações estão do lado direito do templo. Na fila da frente sentam-se os presidentes de Itália, Sergio Mattarella, e da Argentina, Javier Milei. Seguem-se os monarcas dos países católicos; o grão-mestre da Ordem de Malta, John Dunlap; os monarcas de países não católicos; e por fim os chefes de Estado dos restantes países por ordem alfabética em língua francesa.

A cerimónia agora iniciada é oficiada pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício. O féretro foi fechado e transportado do interior da basílica de São Pedro para o exterior da praça. Além do cardeal Re, também irá tomar a palavra o vigário geral da diocese de Roma. Uma vez terminada a liturgia, o féretro voltará para o interior da basílica. Daí será conduzido para a basílica de Santa Maria Maior, um percurso de cerca de seis quilómetros, onde decorrerá o enterro, numa cerimónia privada e conduzida pelo camerlengoKevin Joseph Farrell.

Delegações de 156 estados, territórios e organizações confirmaram a presença na cerimónia fúnebre do papa Francisco.

A Itália tem a maior delegação, cerca de 70 pessoas.

O dispositivo de segurança é composto por 4 mil polícias e agentes especiais.

Mais de 4 mil é também o número, mas de voluntários da Cruz Vermelha, da Proteção Civil e de outras organizações presentes na praça de São Pedro.

São esperados 200 mil fiéis para a despedida de Francisco.