O muito criticado líder do governo da Comunidade Valenciana, Carlos Mazón, escolheu o tenente-general do Exército Francisco José Gan Pampols para o cargo de vice-presidente para a Recuperação Económica e Social, uma pasta criada para centralizar todas as ações com vista a apoiar a província e, em especial, os municípios afetados pelas inundações de 29 de outubro, que causaram 227 mortos. “Foi-me apresentada a possibilidade de colaborar na tarefa mais importante que já me ofereceram e não pude dizer que não”, declarou o militar reformado, de 66 anos, numa entrevista à televisão valenciana À Punt, citada pela Europa Press. .O novo vice-presidente da Generalitat Valenciana confessou ainda que este novo desafio “não tem nada a ver” com o que fez até agora, mas sublinhou a sua vontade de “ajudar perante uma tragédia como a que se viveu” na província de Valência, dizendo que assim estará a “defender a Espanha e os espanhóis”. “O Exército tem sido a minha vida e uma pessoa nasce e morre sendo militar, mas quando nos oferecem a possibilidade de ajudar perante uma tragédia como a que se viveu, e que vai afetar diretamente as pessoas, não só no presente, mas também no futuro, pois o que penso é que vou defender a Espanha e os espanhóis”, referiu o tenente-general, patente que ostenta desde 2016, na mesma entrevista. .Catalão de Girona, Valência não é totalmente desconhecida para Gan Pampols, depois de ter sido nomeado, em 2017, general chefe do Quartel-general Terrestre de Alta Disponibilidade, passando a sentir como “mais um valenciano”. “Conheço em primeira mão tudo o que acredito que faz parte da alma valenciana”, acrescentou. Além do seu conhecimento da região, para a sua nova tarefa, o militar poderá socorrer-se da experiência que teve em 2007 como chefe da equipa de reconstrução provincial em Quala e Naw, no Afeganistão, no âmbito de uma missão internacional de manutenção de paz..A partir de agora, Gan Pampols terá como missão desenhar um plano de recuperação e coordenar os trabalhos de reconstrução das zonas afetadas pelo fenómeno meteorológico Dana, mas também desenvolver um plano de proteção para enfrentar outras possíveis catástrofes naturais que ofereçam perigo para a população. Diz esperar “generosidade e compreensão”, pois as suas funções são um “trabalho técnico” e “nada que tenha a ver com política”. “Têm de ver-me como sou, como um soldado que já está retirado, mas que nunca deixará de ser soldado, que se põe à sua disposição porque o que quer é ajudar como sendo mais um”, frisou o militar, referindo à população valenciana, que muito tem criticado o governo regional. .Esta nomeação foi classificada como um “acerto” pelo presidente do Partido Popular, Alberto Nuñez Feijóo, dizendo que Gan Pampols é uma pessoa “acreditada” e um “militar de prestígio” e admitindo que Carlos Mazón o informou da sua escolha. No entanto, segundo alguns media espanhóis, o nome do general terá sido sugerido por Feijóo ao líder da Generalitat Valenciana..População não quer ser esquecida.Duas semanas depois da primeira visita, os reis de Espanha voltaram esta terça-feira às zona das inundações acompanhados, em Chiva e Utiel, pelo ministro de Política Territorial, Ángel Victor Torres, e por Carlos Mazón, que ouviu de novo insultos e pedidos para se demitir, segundo os relatos dos meios de comunicação social no local. Nas visitas às duas localidades, os monarcas falaram com habitantes, militares, polícias, voluntários e autoridades locais e prometeram que voltarão a visitar com regularidade as zonas afetadas pelas inundações..Felipe VI reconheceu que a situação no terreno “já mudou muito” desde os primeiros dias, mas que a recuperação “vai demorar muito tempo” e “é preciso manter a ajuda e o apoio”, assim como a proximidade e a atenção às populações. Nesse sentido, o monarca pediu para que os governos regionais e central trabalhem em conjunto, insistindo que será “algo que as pessoas vão agradecer quando sentirem que o Estado está presente”. “Uma das coisas que [as pessoas] mais repetem ou que mais lembram é que não os esqueçamos. As notícias evoluem depressa, mas é preciso manter a atenção a todas estas populações tão duramente afetadas”, afirmou o monarca.