Perante a derrota de Assad, vê com otimismo o futuro da Síria?Acho que vai entrar em guerra, literalmente. Não tenho muitas dúvidas de que a Rússia irá em auxílio do regime de Assad. E o Irão e o Hezbollah também. Não sei quando é que acontecerá no tempo, porque Putin responde com alguma ponderação, mas a Síria vai entrar em guerra. Já está em guerra, mas vai entrar numa guerra em que potências estrangeiras vão tentar manter o regime de Assad, apesar de ele ter caído..O regime de Assad garantia uma paz tácita?Sim, garantia. E garantia a coesão do país. Neste momento não temos um bom futuro para a Síria. Vamos ter uma Síria parecida com um país dividido, em que vamos ficar com o Curdistão a norte, provavelmente, várias áreas divididas a sul. Inclusive, com o Estado Islâmico a controlar algumas partes. Não auguro nada de bom..Que balanço faz da Primavera Árabe?Este terá sido o último e o mais sangrento de todos os conflitos da Primavera Árabe. Foi o único que manteve, de alguma forma, todas as guerras e que conseguiu manter-se no poder. Agora, pelos vistos, que capitulou, não creio que será por muito tempo, porque as potências amigas estrangeiras vão ajudá-lo a recuperar o poder..Nomeadamente a Rússia.A Rússia. E o Irão, por causa do eixo xiita..Por que motivo é que a revolta acontece agora?Porque o Hezbollah estava enfraquecido. E porque é preciso distrair a Rússia da guerra da Ucrânia, antes de 20 de janeiro [quando Trump toma posse]..Distração por parte de quem?A Turquia já disse que está do lado do HTS, dos rebeldes, que eu não tenho outro nome para lhes dar a não ser jihadistas. A Turquia fez o que precisava para controlar o YPG [Unidades de Proteção Popular], que são os irmãos do PKK [Partido dos Trabalhadores do Curdistão], que são os seus opositores no país.