Marcelo diz que partilha de vacinas é insuficiente. João Lourenço pede acesso ao mercado
O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que o esforço internacional de partilha de vacinas ainda é insuficiente, defendendo que é preciso acelerar o processo. Mas o presidente angolano, João Lourenço, apesar de agradecer publicamente a solidariedade internacional, defendeu que é preciso fazer mais, nomeadamente permitir o acesso dos países aos mercados.
Marcelo Rebelo de Sousa e João Lourenço estiveram à conversa, à distância, com a colaboração da jornalista Cristina Esteves, na quarta edição do EuroAfrican Forum, onde ficaram patentes os laços de amizade que os unem, assim como aos dois países.
"Eu devo dizer que este esforço internacional, quer da comunidade internacional como um todo, correspondendo ao apelo do secretário-geral das Nações Unidas António Guterres, quer na União Europeia, ainda é insuficiente. A Covax tem feito muito em termos de objetivos, mas a concretização tem sido insuficiente. No caso africano é patente isso, mas é à escala global", considerou o Presidente português.
"A solidariedade manifestada até aqui tem-se limitado apenas à doação de vacinas. É insuficiente. Outra forma de manifestação da solidariedade seria abrir a capacidade aos nossos países de adquirir, com os nossos recursos, as vacinas que necessitamos", disse João Lourenço, falando das "imensas dificuldades" em ter acesso ao mercado das vacinas. "Não falo em abrir o mercado de produção, mas da capacidade de podermos adquirir, com os nossos recursos, as vacinas que deviam estar disponíveis", afirmou.
Ambos os presidentes lembraram que a pandemia só pode ser ultrapassada a nível global. "Uma vez que hoje vivemos num mundo globalizado, a pandemia é global e a solução para esta pandemia e outras que virão também deve ser global", indicou João Lourenço. "A economia mundial não vai retomar tão facilmente caso existam países no mundo que não consigam superar o problema desta pandemia. É preciso que nos preocupemos com uma solução global, que saiamos todos desta crise, porque caso contrário a recuperação da economia global será muito difícil", acrescentou.
Marcelo apelidou João Lourenço de "meu presidente", por estar Angola atualmente na presidência da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, com o presidente angolano a mencionar também as relações de amizade e cooperação que têm existido entre os dois países.
"Há relações excelentes entre os estados, que só melhoraram ao longo dos últimos anos", disse Marcelo. "Angola e Portugal estão condenados a viver eternamente abraçados. Nada pode abalar as relações que queremos sempre boas entre os nossos dois países", indicou João Lourenço.