Pelo menos três pessoas morreram e dezenas ficaram feridas sob fogo israelita junto de um centro de distribuição de ajuda operado pela norte-americana Fundação Humanitária de Gaza, denunciaram esta segunda-feira as autoridades de saúde locais, que no dia anterior já haviam dito que pelo menos 31 pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas perto do mesmo local, um dos quatro operados pelo GHF em Rafah.As Forças de Defesa de Israel (IDF) rejeitaram no domingo o envolvimento nos incidentes desse dia, apontando o dedo ao Hamas. Já sobre o episódio desta segunda-feira, de acordo com a Reuters, o exército israelita disse ter conhecimento dos relatos de vítimas e que o incidente estava a ser investigado. No mesmo comunicado, prossegue a agência de notícias, era referido que as tropas israelitas que operaram durante a noite em Rafah dispararam tiros de aviso “para evitar que vários suspeitos se aproximassem deles”, acrescentando que o incidente ocorreu a cerca de um quilómetro do centro de distribuição de ajuda humanitária. O secretário-geral das Nações Unidas pediu esta segunda-feira “uma investigação imediata e independente sobre estes acontecimentos e à responsabilização dos perpetradores”, sublinhando que “Israel tem obrigações claras, ao abrigo do Direito Internacional Humanitário, de concordar e facilitar a ajuda humanitária”. “A entrada desimpedida de assistência em grande escala para satisfazer as enormes necessidades em Gaza deve ser restabelecida imediatamente. A ONU deve ser autorizada a trabalhar em segurança e em condições de pleno respeito pelos princípios humanitários”, prosseguiu António Guterres, dizendo ainda sentir-se “chocado com os relatos de palestinianos mortos e feridos enquanto procuravam ajuda em Gaza ontem [domingo]. É inaceitável que os palestinianos arrisquem a vida por comida.”Já o líder da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA) afirmou que “a distribuição de ajuda tornou-se uma armadilha mortal. Vítimas em massa, incluindo dezenas de feridos e mortos entre civis famintos, devido aos disparos esta manhã [domingo], segundo relatos de médicos internacionais no local”. Philippe Lazzarini notou ainda que “um ponto de distribuição, segundo o plano israelo-americano, foi instalado bem a sul, em Rafah”, um “sistema humilhante” que “obrigou milhares de pessoas famintas e desesperadas a caminhar dezenas de quilómetros até uma área que está praticamente pulverizada devido ao forte bombardeamento do exército israelita”. “A entrega e distribuição da ajuda deve ser feita em larga escala e em segurança. Em Gaza, isto só pode ser feito através das Nações Unidas, incluindo a UNRWA”, acrescentou este responsável da ONU.