São já 22 país, mais de dois terços dos 32 estados membros da NATO, que atingiram no ano passado o limiar de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) para despesas militares, aquém do objetivo defendido pelo Presidente norte-americano, foi divulgado esta quinta-feira.Este indicador consta no relatório anual do secretário-geral da Aliança Atlântica, relativo a 2024, publicado neste dia.Os países europeus aumentaram os seus orçamentos de defesa desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 2022.Antes da cimeira da NATO, prevista para Haia em junho, o Presidente dos Estados Unidos está a pressionar os membros da organização para irem mais longe e concordarem em aumentar as suas despesas militares para 5% do PIB, um nível que os próprios Estados Unidos não atingem atualmente.Com 3,19% do PIB, o seu rácio no ano passado ficou em quarto lugar na Aliança, atrás da Polónia, da Estónia e da Letónia, três países que fazem fronteira com a Rússia.Mas em termos absolutos, os Estados Unidos continuam a ser, de longe, o maior contribuinte entre os membros da NATO.No ano passado, só o orçamento militar dos Estados Unidos representou 64% das despesas militares da Aliança Atlântica.Donald Trump deu a entender que poderá recusar-se a proteger os países que não gastam o suficiente, como já tinha feito no primeiro mandato na Casa Branca (2017-2021).A NATO tinha planeado inicialmente que 23 países atingissem o limiar de 2% até 2024. Em 2014, apenas três o tinham feito.No total, as despesas dos membros europeus e do Canadá aumentaram mais de 19% no ano passado, de acordo com o relatório anual da Aliança.Vários países que ainda não atingiram o objetivo de 2% comprometeram-se recentemente a intensificar os seus esforços, como é o caso de Portugal.A Espanha, o país que menos contribui (dedicou apenas 1,24% do seu PIB em 2024), comprometeu-se esta semana a investir mais de 10 mil milhões de euros para atingir os 2% este ano.Portugal também nunca alcançou a meta dos 2% e o Governo de Luís Montenegro (PSD/CDS-PP) tinha apontado 2029 para o fazer, antecipando em um ano o objetivo definido antes pelo seu antecessor, António Costa (PS).O executivo já veio no entanto admitir antecipar ainda mais essa meta, mas advertiu que tal só seria possível com um acordo de regime.O Ministério das Finanças anunciou na quarta-feira que vai pedir à Comissão Europeia a ativação da cláusula que permite que as despesas relacionadas com a área da defesa, até ao limite de 1,5% do PIB, não sejam contabilizadas nos limites impostos pelos tetos da despesa primária líquida, definidos no Plano Orçamental-Estrutural Nacional de Médio Prazo (POENMP), para 2025-2028.Do mesmo modo, acrescentou em comunicado, as despesas relacionadas com a defesa, até ao limite de 1,5% do PIB, não serão contabilizadas na avaliação do cumprimento do valor de referência para o défice (3%).“Esta decisão foi consensualizada com o maior partido da oposição, tendo o Partido Socialista sido ouvido pelo Governo neste processo”, referiu o Governo.