Do latim cum e clavis, literalmente “com” e “chave”, o Conclave tem a sua origem no século XIII. Durante dois períodos da História, os papas não viveram em Roma. Foi o que aconteceu durante 68 anos no século XIV, quando Avignon, em França, foi a sede do papado, na sequência de um conflito entre o rei de França e o papa. Menos conhecido é o período em que Viterbo, uma cidadezinha a norte de Roma, se tornou residência para nove chefes da Igreja Católica. Foi precisamente aí que nasceu a ideia de Conclave.Com Roma mergulhada em conflitos, em 1257 o papa Alexandre IV mudou-se para Viterbo, onde o Palácio dos Papas se tornou residência oficial dos pontífices durante 24 anos. Na altura, a eleição de um papa não era um processo bem estruturado como é hoje, ficando muitas vezes a cargo dos bispos e clérigos da vizinhança ou sendo nomeados pelos monarcas e imperadores europeus. Mas tudo mudou com a morte de Clemente IV. Em 1268, com a morte do pontífice, a Igreja ficou em sede vacante. Segundo o Vatican News, na altura viajaram para Viterbo 19 dos 20 cardeais eleitores para lhe escolher um sucessor. O que ninguém podia adivinhar era que este seria o mais longo conclave de sempre - criando mesmo esse termo.Passado um ano e sem conseguirem chegar a acordo sobre quem devia ser papa, os cidadãos de Viterbo decidiram acabar com a situação e fecharam os cardeais à chave no Palácio dos Papas. Apesar de terem acesso limitado a água e alimentos, foi preciso esperar até setembro de 1271 para Teobaldo Visconti ser eleito, tornando-se o papa Gregório X.A Igreja Católica aprendera com a lição - era preciso acabar com o processo informal e desregrado de eleição do papa. Mesmo se desde 1059 que só os cardeais podiam eleger o papa e se em 1179 Alexandre III já havia estabelecido a regra dos dois terços dos votos. Para criar regras claras, em 1274 Gregório X publicou a Constituição Apostólica Ubi periculum que define novas regras e que traçou as bases para o processo seguido até hoje. E o primeiro conclave oficial teve assim lugar em 1276, em Arezzo, na Toscana, com a eleição de Inocêncio V. Mas seria preciso esperar até 1621 para que o papa Gregório XV introduzisse no conclave o voto secreto e por escrito. E, já no século XX, Pio X decretou a obrigação de sigilo sobre tudo o que se passa no Conclave, sob ameaça de excomunhão. Apesar de hoje os conclaves estarem associados à Capela Sistina, com a escolha do novo papa a acontecer debaixo dos frescos de Michelangelo, estes nem sempre decorreram naquele local, como já vimos. O primeiro a acontecer ali - ainda antes de Michelangelo pintar o Juízo Final na parede do altar e o famoso teto - teve lugar em 1492. Desde 1878 que a Capela Sistina recebeu todos os conclaves. .Leão XIV. Mensagem de paz e união na estreia do primeiro papa norte-americano. Como já referido, o mais longo conclave da história foi o que culminou com a eleição de Gregório X, tendo tido a duração de dois anos e dois meses. Já o mais rápido até hoje terá sido o que levou à eleição de Júlio II, tendo durado apenas algumas horas em 1503. Olhando apenas para os últimos papas, no caso de João Paulo II, em 1978, foi preciso esperar até à oitava votação para termos papa, mas o seu antecessor, João Paulo I, cujo pontificado durou apenas 33 dias, foi escolhido logo à quarta votação, e o antecessor deste, Paulo VI, também só preciso de quatro rondas para conseguir os dois terços dos votos. Em 2013, a eleição de Francisco precisou de cinco rondas de votação, mas o seu antecessor, Bento XVI, foi eleito à quarta ronda, também no segundo dia de votações. Ora quatro parece mesmo ser o número mágico: ou não se tivesse ontem Robert Francis Prevost tornado Leão XIV, o primeiro papa nascido nos EUA, tudo indica também à quarta votação. .Reações. Marcelo saúda Leão XIV com "profunda alegria", Trump fala em "grande honra" para os EUA