Mais de dois anos depois, o Líbano volta a ter um presidente
Nem tudo são más notícias no Líbano: acabou o vazio institucional com a eleição, pelos deputados, de um novo presidente, depois de o mandato do anterior, Michel Aoun, ter terminado em outubro de 2022. Desde então houve 12 tentativas para eleger um chefe de Estado. Todas fracassaram. Até que nesta quinta-feira, à segunda volta, o general Joseph Aoun recebeu 99 votos em 128.
Como o anterior presidente, o eleito tem em comum o apelido (embora não seja familiar), o currículo como militar (chefe das forças armadas), e a religião (no sistema sectário libanês o cargo de presidente está reservado a um cristão). Mas os libaneses esperam que, quando este deixar a presidência, o país não esteja mergulhado na crise que só se agravou desde a saída de cena de Michel Aoun, em especial com a guerra entre o Hezbollah e Israel.
A lei impede que Joseph Aoun, enquanto comandante em exercício, transite para a presidência, pelo que o Parlamento terá de contornar este obstáculo.
Cabe ao presidente a nomeação do primeiro-ministro e do seu governo. Durante 26 meses, o governo de gestão do bilionário Najib Mikati funcionou com poderes limitados. A crise financeira e económica, com meia dúzia de anos, viu a moeda desvalorizar 98%, enquanto os serviços públicos deixaram de cumprir os serviços essenciais. A eletricidade, por exemplo, só chega a casa dos libaneses umas horas por dia.
Joseph Aoun, que nesta sexta-feira faz 61 anos, não tem qualquer experiência política, mas é respeitado pela sua gestão e pelo seu papel na obtenção de um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah. É público que os Estados Unidos e a Arábia Saudita apoiaram a sua candidatura, um dado importante na hora de obter financiamentos.