O presidente francês, Emmanuel Macron, marcou esta quinta-feira o tom da quinta cimeira da Comunidade Política Europeia (EPC), realizada em Budapeste, cujo tema em cima da mesa era a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e as suas consequências para a Europa, a NATO e também a guerra na Ucrânia..“Para mim é simples. O mundo é feito de herbívoros e carnívoros. Se decidirmos continuar a ser herbívoros, então os carnívoros vencerão e seremos um mercado para eles”, declarou Macron durante o encontro da EPC, um fórum criado pouco depois da invasão russa da Ucrânia e que reúne 44 países além das instituições de Bruxelas. “Acho que, no mínimo, deveríamos optar por nos tornar omnívoros. Não quero ser agressivo, apenas que nos saibamos defender em todos esses assuntos”..Macron é talvez o líder europeu que mais tem defendido uma maior independência do bloco em relação aos EUA e à China, desde a defesa ao comércio. E esta quinta-feira voltou a falar disso mesmo. “Não devemos delegar para sempre a nossa segurança à América”, referiu o francês, sublinhando que a Europa deve assumir o controlo do seu destino. “Queremos ler a história escrita por outros, as guerras lançadas por Vladimir Putin, as eleições nos EUA, as escolhas tecnológicas ou comerciais da China, ou queremos escrever a nossa própria?”, questionou Macron perante os líderes europeus..Na mesma linha, o ainda presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, defendeu uma União Europeia “dona do seu destino” com competitividade económica face aos Estados Unidos, que serão liderados por Trump. “Queremos ser mais influentes, queremos reforçar a nossa base económica e queremos agir de forma a sermos parceiros respeitosos e respeitados. Este é o princípio básico e estou certo de que [...] iremos convergir”, referiu Michel (que será substituído por António Costa a partir de dezembro), sustentando que, mesmo assim, a UE deve aprofundar os seus laços com Washington. .A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, falando sobre a eleição de Trump, disse aguardar “com expectativa a oportunidade de voltar a trabalhar com ele para reforçar os laços transatlânticos”, mas vincando que “o futuro da Europa está nas mãos” dos seus líderes, que a seu ver devem “atuar agora”.