O presidente da Câmara de Representantes norte-americana, Mike Johnson, bloqueou esta quarta-feira, 23 de julho, a votação de resoluções, incluindo de congressistas do seu próprio Partido Republicano, exigindo ao governo a divulgação de informação sobre o caso do criminoso sexual Jeffrey Epstein.Depois de ter antecipado para o final do dia de hoje as férias de cinco semanas dos congressistas, Johnson reiterou a sua oposição a qualquer iniciativa legislativa sobre o caso de Epstein, que está a causar tensões entre a Casa Branca e congressistas republicanos que estão eles próprios sob pressão da sua base de apoiantes, que rejeitam o que consideram ser uma tentativa de encobrimento.É o caso do republicano Thomas Massie, que apresentou uma resolução exigindo divulgação de documentos sobre o caso, mas que não será votada por oposição de Johnson, que afirma tratar-se de uma "farsa política" promovida pelos democratas e que a divulgação de informação em bruto colocaria em risco as vítimas dos crimes atribuídos a Epstein.Johnson negou hoje à imprensa qualquer tentativa de encobrir o caso e denunciou uma oposição democrata "sem vergonha" que, segundo ele, quer "explorar esta questão", quando poderia ter publicado estes documentos enquanto esteve no poder nos últimos quatro anos.Thomas Massie conta com o apoio da oposição democrata, que vê no caso uma forma de embaraçar ainda mais Donald Trump, que manteve relações próximas com Epstein durante muitos anos e que tem feito esforços visíveis para distrair a opinião pública, sem sucesso.Na terça-feira, Thomas Massie acusou Johnson de querer forçar os legisladores republicanos a "enterrar a cabeça na areia e deixar que a administração Trump tente, talvez, amenizar tudo isto, fornecendo algumas informações aos poucos".Johnson anunciou na terça-feira em Washington que a paralisação de um mês começará mais cedo do que o habitual, para dar "espaço" à Casa Branca para divulgar ela própria a informação sobre Epstein.Sob pressão de segmentos conspiracionistas da sua base política para divulgar mais informações sobre o caso Epstein, criminoso sexual com quem manteve relações próximas durante décadas, Trump negou o conhecimento ou o envolvimento nos crimes de Epstein e disse que terminou a amizade há anos.Na terça-feira, Trump evitou na Casa Branca questões sobre a decisão do Departamento de Justiça de questionar a ex-namorada de Jeffrey Epstein, Ghislaine Maxwell, que foi condenada por ajudar o milionário a abusar sexualmente de raparigas menores de idade e cumpre agora uma longa pena de prisão.Em vez disso, aproveitou um novo relatório da sua diretora de informações, Tulsi Gabbard, que lança dúvidas sobre conclusões há muito estabelecidas sobre a interferência de Moscovo nas eleições de 2016, para acusar o ex-presidente Barack Obama (2009-2017) de liderar uma conspiração para deslegitimar a sua vitória eleitoral.O porta-voz de Obama, Patrick Rodenbush, reagiu classificando como "ridícula" a declaração de Trump.O procurador-geral adjunto, Todd Blanche, afirmou na terça-feira que, pela primeira vez, o Departamento de Justiça vai ouvir Ghislaine Maxwell.O anúncio surgiu quando a procuradora-geral, Pam Bondi, está a ser alvo de críticas dos apoiantes mais fervorosos de Trump, que lhe pedem para cumprir a promessa de divulgar todas as provas dos crimes do falecido empresário.A crise inesperada entre os membros do movimento MAGA ("Make America Great Again", "Tornar a América Grande de Novo") de Trump eclodiu depois de o FBI e o Departamento de Justiça terem concluído, na sequência de uma investigação, que o empresário afinal não tinha uma "lista de clientes famosos" para chantagear e confirmaram que a morte, em 2019, foi um suicídio.Os apoiantes do Presidente manifestaram insatisfação com o Governo republicano, que tinha prometido durante a campanha eleitoral divulgar a lista de clientes, uma alegada agenda dos cúmplices de Epstein, que inclui celebridades e políticos influentes e tem sido o foco de várias teorias da conspiração de extrema-direita.Trump - que recentemente defendeu o "grande trabalho" de Bondi - ordenou que o Departamento de Justiça divulgasse todas as "provas fiáveis" no caso, para apaziguar a base de apoio..Administração Trump cede no caso Epstein