O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, abriu as portas do seu país ao homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, admitindo que nunca lhe apresentou pessoalmente esta proposta e garantindo que ele não é pessoa de fugir. “É um tipo duro”, afirmou. A oferta surge numa altura em que a tensão entre Washington e Caracas não para de subir e depois de Maduro já ter alegadamente recusado um ultimato do presidente norte-americano, Donald Trump, que lhe teria prometido um salvo conduto para ele sair da Venezuela. “Maduro nunca foi um inimigo ou um adversário para nós. Se quisesse vir para a Bielorrússia, as portas estariam abertas para ele”, disse Lukashenko numa entrevista ao canal de cabo conservador norte-americano Newsmax e a meios bielorrussos. “Mas deixem-me dizer-vos, honestamente, isto nunca foi discutido. Maduro não é o tipo de pessoa que deixe tudo e fuja. É um tipo duro”, referiu Lukashenko, aliado do líder russo, Vladimir Putin.No início de dezembro, veio a público que o presidente norte-americano, Donald Trump, tinha falado ao telefone com Maduro a 21 de novembro, fazendo-lhe um ultimato. “Pode salvar-se a si e às pessoas que lhe são mais próximas, mas precisa de deixar o país agora”, terá dito Trump, oferecendo um salvo-conduto “apenas se ele aceitasse demitir-se imediatamente”, segundo indicaram fontes ao jornal Miami Herald. De acordo com a Reuters, o norte-americano deu um prazo de uma semana a Maduro, que recusou a proposta. “Francamente, falámos mais sobre a Venezuela com os norte-americanos do que com Maduro sobre a sua demissão. É um homem corajoso”, afirmou Lukashenko, rejeitando a ideia de que o venezuelano esteja ligado ao narcotráfico. Os EUA “não têm provas disso e eu também não”, afirmou o bielorrusso, explicando que “as drogas, assim como muitas outras coisas, como o tráfico de pessoas, a prostituição e o tráfico de armas, fazem parte da nossa realidade. Devemos combatê-las. Mas não se derrotam as drogas com mísseis”.Oficialmente Trump não admite que o objetivo do reforço militar junto à costa venezuelana é derrubar o regime, mas admite que essa pode ser uma consequência da luta que os EUA estão a empreender contra o narcotráfico. Washington estará a planear a transição com a líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, que saiu da Venezuela após um ano na clandestinidade para receber o Prémio Nobel da Paz..Corina Machado em Oslo: "A Venezuela foi invadida por agentes da Rússia, Irão, Hezbollah e do Hamas".Um dia após o final do prazo do ultimato que deu a Maduro, Trump declarou o espaço aéreo da Venezuela fechado. A tensão tem continuado a subir desde então, com o norte-americano a não excluir a possibilidade de uma operação militar no país. Na semana passada, os EUA apreenderam um petroleiro que tinha saído da Venezuela e era alvo de sanções. E estão a preparar-se para voltar a fazer o mesmo, querendo cortar uma das poucas fontes de rendimento do regime..EUA levam petroleiro para porto americano. Caracas denuncia “ato de pirataria”.A ação contra o petroleiro surge depois de os norte-americanos visarem as lanchas rápidas, alegadamente carregadas de droga, no mar das Caraíbas e no Pacífico. Na segunda-feira à noite, foram abatidas mais três destas embarcações na costa do Pacífico, próximo da Colômbia. Oito tripulantes morreram, subindo para 95 o número de mortos num total de 26 ataques - incluindo no primeiro, em setembro, em que os militares dos EUA dispararam uma segunda vez para abater os sobreviventes. Esta terça-feira (16 de dezembro), o secretário da Defesa dos EUA, Pete Hegseth, disse numa reunião à porta fechada no Senado que o Pentágono vai divulgar o vídeo completo da operação a um grupo restrito de congressistas. “É claro que não vamos divulgar um vídeo ultrassecreto, completo e sem cortes disto para o público em geral”, disse contudo aos jornalistas à saída da reunião, em que também esteve o secretário de Estado, Marco Rubio. Os democratas querem que o vídeo seja público.A Human Rights Watch acusou novamente os EUA de estarem a levar a cabo uma “campanha de execuções extrajudiciais”, violando o direito internacional. A administração Trump alega que está numa guerra contra os “narcotraficantes” que estão ligados a organizações declaradas terroristas nos EUA. Um novo cartel, o colombiano Clã do Golfo, entrou esta terça-feira (16 de dezembro) para esta lista onde já estão outras 12 organizações. Entre elas o Cartel de los Soles, que alegam ser liderado pelo próprio Maduro - que nega a acusação.