Lesão na coluna terá levado suspeito a matar CEO. Polícia não tem indicação de que tenha sido cliente da UnitedHealthcare

O chefe dos detetives da polícia de Nova Iorque, nos Estados Unidos, revelou que o motivo que levou Luigi Mangione a assassinar o CEO da seguradora UnitedHealthcare, Brian Thompson, à porta de um edifício em Manhattan, poderá estar relacionado com uma lesão na coluna vertebral que terá modificado a vida do suspeito, de 26 anos, que se encontra detido num prisão da Pensilvânia.

"Ao que parece o suspeito teve um acidente que o levou às urgências em julho de 2023, e sofreu uma lesão que mudou sua vida", explicou Joseph Kenny, em declarações à estação de televisão NBC New York na noite de quinta-feira, acrescentando ainda que, antes do assassinato, Luigi Mangione "publicou nas redes sociais fotos das radiografias, onde se veem os parafusos inseridos na sua coluna vertebral". Portanto, sublinhou, "a lesão que sofreu mudou a sua vida, alterou o seu modo de viver, e isso pode tê-lo colocado neste caminho".

Mangione é acusado de matar o diretor executivo da UnitedHealthcare, o que desencadeou uma perseguição a nível nacional que terminou na segunda-feira, quando o suspeito foi reconhecido num restaurante McDonald's na Pensilvânia.

Polícia: "Não temos nenhuma indicação de que ele alguma vez tenha sido cliente da UnitedHealthcare"

Na mesma entrevista, Joseph Kenny disse ainda que o suspeito de matar Brian Thompson na manhã de 4 de dezembro poderá ter escolhido a vítima apenas pela dimensão da empresa que representava e pelo facto de saber que iria ocorrer uma conferência com investidores da seguradora no hotel, junto ao qual ocorreu o crime. Até porque, afirmou, a polícia não encontrou qualquer referência de que Mangione fosse cliente da seguradora.

“Não temos nenhuma indicação de que ele alguma vez tenha sido cliente da UnitedHealthcare, mas ele menciona que é a quinta maior empresa da América, o que faria dela a maior organização de cuidados de saúde da América. Por isso, é possível que tenha visado a empresa”, disse o chefe dos detetives da polícia de Nova Iorque. “Ele tinha conhecimento prévio de que a conferência estava a ter lugar naquela data, naquele local”, acrescentou o responsável.

Na sequência da detenção de Mangione, na segunda-feira, em Altoona, Pensilvânia, a polícia encontrou um “manifesto” escrito à mão e um caderno com o plano para o crime, noticiou o New York Times. Segundo o plano, o objetivo era “matar o diretor executivo na convenção anual de contadores de feijões parasitas”. "É direcionado, preciso e não coloca inocentes em risco”, lê-se no texto do caderno, segundo afirmaram os agentes da polícia. 

Neste momento, segundo a polícia, é certo que as impressões digitais de Mangione coincidem com aquelas que foram encontradas perto do local do crime e que os cartuchos da arma combinam com a que ele tinha quando foi detido. Contudo, até agora, de acordo com  NBC, as autoridades policiais ainda não tiveram acesso ao telemóvel de Mangione.

Mangione luta na justiça contra a extradição para Nova Iorque, onde deverá ser julgado, mas de acordo com a ABC News, os promotores do escritório do procurador distrital de Manhattan já apresentaram provas a um grande júri sobre o homicídio. Se conseguirem que o suspeito seja acusado, tal fortalecerá os argumentos a favor da extradição.

Quando foi detido, tinha na sua posse documentos de identidade falsos e uma arma impressa a 3D, que a polícia acredita ter sido usada para matar Brian Thompson.

Segundo a agência noticiosa Associated Press, no momento da detenção Luigi Mangione teria consigo um documento manuscrito no qual manifestava raiva contra o sistema "parasitário" das companhias de seguros de saúde.

Oriundo de uma importante família do setor imobiliário de Maryland (nordeste), Luigi Mangione formou-se em ciências de computação na Universidade da Pensilvânia e já não falava com a família e os amigos há mais de seis meses.