Kiev reclama novos avanços em território russo. Estado de emergência em Belgorod
Handout / Telegram / @vvgladkov / AFP

Kiev reclama novos avanços em território russo. Estado de emergência em Belgorod

Governador de Belgorod fala numa situação "extremamente complicada e tensa" na sequência da incursão das forças ucranianas em território russo.
Publicado a
Atualizado a

A Ucrânia prossegue esta quarta-feira a sua ofensiva em território russo ao bombardear a região fronteiriça vizinha de Belgorod, onde o governador declarou o estado de emergência.

As forças ucranianas entraram na região de Kursk no passado dia 6 de agosto e tomaram dezenas de povoações, no maior ataque de um exército estrangeiro em solo russo desde a Segunda Guerra Mundial.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, partilhou nas redes sociais, na terça-feira à noite, imagens de uma videochamada com o seu chefe militar Oleksandr Syrsky, que afirmou que as tropas de Kiev "avançaram em algumas áreas entre um a três quilómetros”.

Syrsky assumiu "o controlo" de mais "40 quilómetros quadrados de território” e fez saber que “74 localidades" estão sob controlo ucraniano.

O governador de Belgorod declarou, entretanto, esta quarta-feira, o estado de emergência, afirmando que a situação é “extremamente difícil” na região fronteiriça russa sob bombardeamento ucraniano.

“A situação na região de Belgorod continua extremamente difícil e tensa devido aos bombardeamentos das forças armadas ucranianas. Casas foram destruídas, civis morreram e ficaram feridos”, disse o governador Vyacheslav Gladkov na rede social Telegram.

Belgorod, que faz fronteira com a região ucraniana de Kharkiv, também foi alvo de ataques de drones, disse o responsável. 

Após uma semana de avanço ucraniano, o chefe militar ucraniano Oleksandr Syrsky disse na segunda-feira que as suas tropas controlavam cerca de 1.000 quilómetros quadrados de território russo.

Por sua vez, o governador regional de Kursk, Alexei Smirnov, disse que 28 povoações tinham sido capturadas.

Uma análise da AFP aos dados fornecidos pelo Instituto para o Estudo da Guerra (ISW) indicou que as tropas ucranianas tinham avançado sobre uma área de pelo menos 800 quilómetros quadrados de território russo na segunda-feira. 

Biden diz que incursão ucraniana em território russo deve estar a criar "verdadeiro dilema" para Putin

O presidente dos EUA, Joe Biden, considerou esta quarta-feira que a incursão das forças ucranianas na região russa de Kursk deve estar a criar "um verdadeiro dilema" ao presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Biden confirmou que tem mantido contactos diários, e de hora em hora, com a sua equipa para discutir, entre outros assuntos, a evolução da guerra na Ucrânia, especialmente depois de Kiev ter tomado a iniciativa de endurecer os ataques em território russo.

O presidente norte-americano indicou que a sua administração mantém contacto "direto" e "constante" com o Governo da Ucrânia, que apoia tanto política como militarmente.

Já o Ministério da Defesa da Rússia afirmou na terça-feira que as suas tropas “continuam a repelir” os ataques ucranianos e que “frustraram” os ataques de “grupos móveis em veículos blindados”.

A Ucrânia afirmou que não irá manter o território russo que capturou e ofereceu-se para parar os ataques se Moscovo concordar com uma “paz justa”.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Georgiy Tykhy, afirmou que Kiev não estava interessada em “apoderar-se” do território russo e defendeu as ações da Ucrânia como “absolutamente legítimas”.

“Quanto mais cedo a Rússia concordar em restabelecer uma paz justa... mais cedo cessarão os ataques das forças de defesa ucranianas contra a Rússia”, disse Tykhy aos jornalistas.

A AFP refere que mais de 120.000 russos abandonaram as suas casas nas zonas fronteiriças da região de Kursk, devido aos ataque das forças ucranianas.

A Ucrânia deu conta que estava a impor restrições de movimento na região de Sumy ao longo da fronteira devido a um “aumento na intensidade das hostilidades” e atividades de “sabotagem”.

No início desta semana, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou ao exército que “expulse” as tropas de Kiev que entraram em território russo, numa altura em que as autoridades dizem que 121 mil pessoas pessoas já foram retiradas da zona da fronteira com a Ucrânia.

“Um dos objetivos óbvios do inimigo é semear discórdia, conflito, intimidar as pessoas, destruir a unidade e a coesão da sociedade russa”, afirmou Putin na segunda-feira numa reunião com autoridades do governo. “A principal tarefa do Ministério da Defesa, é claro, é expulsar o inimigo dos nossos territórios”, acrescentou.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt