A Ucrânia reivindicou esta quinta-feira novos avanços na sua ofensiva transfronteiriça, durante a qual garante ter já tomado mais de mil quilómetros quadrados, o maior ataque de um exército estrangeiro em solo russo desde a Segunda Guerra Mundial. Já a Rússia garantiu ter recapturado uma primeira aldeia às forças ucranianas na província de Kursk e anunciou que estava a enviar “forças adicionais” para a região vizinha de Belgorod..As forças ucranianas afirmaram controlar agora dezenas de localidades, bem como Sudzha, uma cidade a oito quilómetros da fronteira. “Assumimos o controlo de 1150 quilómetros quadrados de território e 82 localidades”, segundo referiu o comandante militar Oleksandr Syrsky..As tropas de Syrsky lançaram a ofensiva em 6 de agosto, quebrando meses de reveses para Kiev. O general também explicou esta quinta-feira ao presidente Volodymyr Zelensky que o exército criou um gabinete administrativo “para manter a lei e a ordem e satisfazer as necessidades prioritárias da população nos territórios controlados”..A incursão transfronteiriça da Ucrânia apanhou Moscovo de surpresa e obrigou à retirada de mais de 120 mil civis da região, tendo os combates, segundo os últimos dados avançados pelos russos, tirado a vida a pelo menos 12 pessoas e feito 121 feridos. .Moscovo enviou tropas adicionais para Kursk, tendo anunciado esta quinta-feira a recaptura de uma primeira aldeia na região, Krupets, referindo ainda que através do uso de aeronaves, artilharia e drones “frustraram os últimos ataques inimigos”, incluindo tentativas de penetrar mais profundamente no território russo..O exército russo também anunciou medidas para prevenir ataques às regiões vizinhas, especialmente Belgorod, e que incluem “a alocação de forças adicionais”. .Vários media ingleses noticiaram que tanques doados pelo Reino Unido têm sido usados nesta incursão da Ucrânia, sendo a primeira vez que os Challenger 2 surgem em combate ativo em solo russo. O Ministério da Defesa britânico recusou-se a comentar o armamento específico que a Ucrânia está a utilizar, mas observou que “as operações dentro da Rússia” não tinham sido impedidas quando os tanques e outras armas foram doados a Kiev. Segundo a BBC, a única exceção serão mísseis de longo alcance..Alegações absurdas.Kiev rejeitou, considerando-as “completamente absurdas”, as sugestões de que estaria envolvida na sabotagem de 2022 aos gasodutos Nord Stream, que transportavam gás russo para a Europa através do Mar Báltico. O Wall Street Journal noticiou na quarta-feira que o então principal comandante militar da Ucrânia, Valery Zaluzhny, supervisionou o plano para fazer explodir as infraestruturas. “O envolvimento da Ucrânia nas explosões do Nord Stream é um absurdo completo. Não havia sentido prático em tais ações”, disse à AFP o assessor presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak, sublinhando que “tal ação fortaleceu significativamente as capacidades de propaganda da Rússia” e que Moscovo tinha “motivos diretos” para realizar as explosões..A reportagem do WST foi publicada pouco depois de media alemães terem noticiado que as autoridades germânicas que investigavam a sabotagem estavam agora concentradas na Ucrânia e tinham emitido um mandado de prisão para um homem ucraniano..Mulher condenada a 12 anos por traição.Um tribunal russo sentenciou a norte-americana Ksenia Karelina a 12 anos de prisão depois de ter sido considerada culpada de “alta traição” por doar cerca de 50 dólares a uma instituição de caridade pró-Ucrânia de Nova Iorque, num caso classificado como “crueldade vingativa” pela Casa Branca..A mulher de 32 anos, nascida na Rússia e residente nos EUA, foi detida nos Urais, em janeiro, quando visitava a família. O FSB acusou-a de recolher dinheiro que foi “usado para comprar bens médicos táticos, equipamentos, armas e munições para as forças armadas ucranianas”..ana.meireles@dn.pt