Já existe um acordo de governo na Áustria e a extrema-direita fica de fora
Cinco meses depois do Partido da Liberdade, de extrema-direita, ter ganho as eleições parlamentares, a Áustria vai finalmente ter um governo, depois dos três principais partidos centristas terem chegado a um acordo de coligação, e que deixa de fora o FPÖ.
O conservador Partido Popular Austríaco (ÖVP), o Partido Social-Democrata da Áustria (SVÖ), de centro-esquerda, e os liberais do Neos revelaram esta quinta-feira um programa que visa principalmente reanimar a economia e reduzir o défice orçamental.
Christian Stocker, líder do ÖVP e provável próximo chanceler, explicou que os três partidos trabalharam “24 horas por dia” para finalizar este “programa comum”, que põe agora fim ao mais longo hiato pós-eleitoral na Áustria depois da Segunda Guerra Mundial. O conservador referiu ainda que estas negociações pós-eleitorais foram “talvez as mais difíceis da história do nosso país”, e levadas a cabo numa altura em que os desafios da Áustria são “históricos e de longo alcance”, desde uma economia debilitada, os problemas como a imigração e a guerra na Ucrânia.
Esta foi a segunda tentativa dos três principais partidos centristas para formar um novo governo sem o Partido da Liberdade, que a 29 de setembro se tornou na primeira força política do país, ao conquistar 28,8% dos votos.
A primeira falhou, no início de janeiro, levando o presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, a pedir ao líder do Partido da Liberdade, Herbert Kickl, para tentar formar governo. E teve ainda como consequência a demissão do então chanceler conservador Karl Nehammer, que também se afastou da liderança do partido - foi substituído no cargo de chanceler pelo ministro dos Negócios Estrangeiros (pasta que ainda mantém), Alexander Schallenberg e no partido por Christian Stocker.
Kickl começou a negociar uma coligação com o Partido Popular Austríaco, que ficou em segundo lugar nas eleições, mas acabou também por falhar, tendo o líder da extrema-direita posto fim às conversações em meados deste mês devido a desentendimentos sobre a distribuição de cargos e temas como a imigração. “Embora tenhamos feito concessões ao ÖVP em muitos pontos lamentamos que as negociações não tenham tido sucesso”, disse o líder do FPÖ no dia 12. O ÖVP, por seu turno, explicou que as negociações “fracassaram devido à sede de poder e à atitude intransigente de Herbert Kickl”. Se tivessem sido bem sucedidas, a Áustria teria tido o primeiro governo liderado pela extrema-direita desde a Segunda Guerra Mundial.
Depois disto, os três partidos do centro, temendo o risco de uma nova eleição que provavelmente não os favoreceria, retomaram as negociações, tendo chegado agora um acordo, que inclui novas regras restritivas aos pedidos de asilo.