O presidente dos EUA, Joe Biden, com Kamala Harris
O presidente dos EUA, Joe Biden, com Kamala HarrisEPA/JUSTIN LANE

Joe Biden: "Foi a honra da minha vida servir como presidente. Kamala Harris será uma presidente histórica"

Recebido na convenção democrata com uma ovação de mais de quatro minutos, Joe Biden afirmou que Kamala Harris "vai ser uma presidente de que todos podemos ter orgulho". "Vai ser uma presidente histórica", realçou.
Publicado a
Atualizado a

O presidente norte-americano, Joe Biden, passou esta noite o testemunho a Kamala Harris durante a convenção democrata, que decorre em Chicago, declarando que a democracia sobreviveu mas agora tem de ser preservada. 

"Com gratidão no coração, digo-vos nesta noite de agosto que a democracia prevaleceu", afirmou o presidente, que falou na noite inaugural da convenção. "E agora a democracia tem de ser preservada". 

Biden foi recebido com uma ovação de mais de quatro minutos e mostrou-se energético, projetando a voz num discurso onde passou em revista todas as conquistas da sua administração e a fasquia da eleição de novembro. 

"Estamos num ponto de inflexão", considerou. "É um desses raros momentos na História em que as decisões que tomarmos agora vão determinar o futuro durante décadas", acrescentou. 

Galvanizando a audiência para "bater Donald Trump e eleger Kamala e Tim", Joe Biden passou o testemunho projetando medidas da futura administração, desde restaurar o direito ao aborto a tornar o crédito fiscal infantil permanente e aumentar os impostos das grandes corporações.

Interrompido mais do que uma vez com cânticos de "We love Joe" (Adoramos o Joe) e "Thank you Joe" (Obrigado Joe), Biden mostrou o maior vigor ao falar de Donald Trump, o oponente republicano que derrotou em 2020 e que é novamente candidato. 

"Donald Trump diz que a América é uma nação falhada", disse, mostrando-se indignado. "A mensagem que ele envia ao mundo é que estamos a perder. Ele é que é o perdedor, está errado", notou.

Biden acusou Trump de mentir sobre as estatísticas de crime nos Estados Unidos, contrapondo que o crime violento está em mínimos de 50 anos.

"O crime vai continuar a descer quando pusermos uma procuradora na presidência em vez de um criminoso condenado", afirmou.  

O presidente democrata abordou também o facto de Trump ter levado ao chumbo de uma legislação bipartidária para reforçar a segurança na fronteira e afirmou que Kamala Harris, ao contrário do republicano, "não vai demonizar os emigrantes". 

O chefe de Estado realçou a resistência da Ucrânia, garantindo que Harris não dobrará o joelho perante o presidente russo, Vladimir Putin, e falou da sua proposta de cessar-fogo para o conflito Israel-Hamas, que criou uma catástrofe humanitária em Gaza. 

"Os manifestantes lá fora têm razão, muita gente está a morrer -- dos dois lados", disse Biden, mencionando as milhares de pessoas que protestam contra a guerra em Gaza nos arredores da convenção. 

O discurso serviu como despedida de Biden, menos de um mês depois de desistir da corrida e apoiar Kamala Harris. Falou dos 50 anos que passou na política e declarou-se grato a todos, mostrando-se otimista. 

"Selecionar a Kamala foi a primeira decisão que tomei quando fui nomeado, e foi a melhor decisão que tomei em toda a minha carreira política", declarou. "Ela vai ser uma presidente de que todos podemos ter orgulho. Vai ser uma presidente histórica", afirmou, prometendo ser o melhor voluntário da sua campanha.

Regressando várias vezes ao assalto ao Capitólio a 6 de janeiro de 2021, Biden disse que todos os norte-americanos têm a obrigação de voltar a salvar a democracia em 2024. 

"Foi a honra da minha vida servir como vosso presidente", afirmou. "Adoro este cargo, mas amo ainda mais o meu país".

"Estamos a escrever um novo capítulo na história da América", diz Hillary Clinton

Antiga secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, na convenção democrata
EPA/JUSTIN LANE

A antiga candidata presidencial Hillary Clinton afirmou durante a convenção democrata, em Chicago, que a nomeação de Kamala Harris para presidente e a sua corrida à Casa Branca abrem um novo capítulo na história dos Estados Unidos.

"Alguma coisa está a acontecer na América. Conseguimos senti-lo. É algo pelo qual trabalhámos e com que sonhámos durante muito tempo", afirmou na segunda-feira Hillary Clinton, depois de ser ovacionada durante dois minutos por milhares de democratas.

"Estamos a escrever um novo capítulo na história da América", acrescentou a antiga candidata democrata.

Clinton recordou vários marcos importantes no percurso político das mulheres, desde a conquista do direito ao voto às primeiras mulheres a candidatarem-se à Casa Branca. Também abordou a sua própria tentativa, em 2016, quando foi derrotada pelo republicano Donald Trump. 

"Recusámo-nos a desistir da América. Milhões marcharam, muitos candidataram-se a cargos e mantivemos os olhos no futuro", afirmou. "Bom, meus amigos, o futuro chegou", continuou a antiga secretária de Estado norte-americana.

Clinton teve um dos discursos mais aplaudidos da noite e abordou diretamente o rival político Donald Trump e a sua condenação por 34 crimes em Nova Iorque. 

A multidão irrompeu em cânticos "Lock him up!" ("prendam-no"), ecoando as palavras de ordem que os apoiantes de Trump cantaram contra Clinton na eleição em 2016. Trump irá conhecer a sentença em Nova Iorque em setembro. 

"A Constituição diz que o trabalho do presidente é garantir que as leis são executadas de forma fiel. Olhem para os candidatos", urgiu Clinton, traçando o contraste com Kamala Harris, que foi procuradora-geral da Califórnia e trabalhou para encarcerar assassinos e traficantes. "Donald só quer saber dele próprio", apontou a ex-primeira dama. 

"Kamala tem a experiência e a visão para nos liderar", continuou, falando do trabalho em prol de crianças abusadas e negligenciadas, algo que ambas fizeram no início das suas carreiras. "Esse trabalho muda uma pessoa, essas crianças ficam na nossa mente". 

Clinton enquadrou a vitória de Kamala Harris como abrindo as portas a um futuro de liberdade sobre as decisões médicas, sobre a religião, o casamento e o trabalho digno. "Vejo liberdade contra o medo e a intimidação, violência e injustiça, contra o caos e a corrupção", afirmou. 

A antiga candidata também urgiu os eleitores a não serem complacentes nem a descansarem à sombra do que dizem as sondagens, que nas últimas semanas viraram a favor de Kamala Harris. Em 2016, no dia anterior à eleição, Hillary Clinton era dada como provável vencedora, com 90% de hipóteses de ganhar contra 10% de Donald Trump. No entanto, foi o republicano que chegou à Casa Branca. 

"Fizemos muitas fissuras no teto de vidro mais duro e mais alto. Estamos muito perto de o partir de uma vez por todas", afirmou Clinton, aludindo ao obstáculo que tem impedido mulheres de ascenderem ao mais alto cargo da nação. 

"Do outro lado desse teto de vidro está Kamala Harris levantando a mão e fazendo o juramento como 47.ª presidente dos Estados Unidos", considerou. "Este é o nosso momento, América. O futuro está aqui e ao nosso alcance". 

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt