Javier Milei, presidente argentino, anunciou esta quarta-feira o abandono da Argentina da Organização Mundial de Saúde (OMS), justificando que aquela entidade cometeu "um dos crimes contra a humanidade mais aberrantes da história", referindo-se à gestão da pandemia de covid-19."Nunca esqueceremos que eles foram os ideólogos da quarentena cavernosa que implicou, de acordo com o Estatuto de Roma de 1998, cometer, em cumplicidade com todos os Estados que tomaram as suas diretivas, um dos crimes contra a humanidade mais aberrantes da história", afirmou o Presidente argentino na rede social X.A subsecção 7.k do Estatuto de Roma, citada Milei, qualifica como crimes contra a humanidade "os atos desumanos que causem intencionalmente grande sofrimento ou danos graves ao corpo ou à saúde mental ou física"."Foi por isso que decidimos abandonar um organismo tão nefasto, que foi o braço executor daquela que foi a maior experiência de controlo social da história", acrescentou Milei.A mensagem do Presidente argentino surge pouco depois de o seu porta-voz, Manuel Adorni, ter anunciado numa conferência de imprensa que o país sul-americano se retiraria da OMS, devido a "divergências profundas" com a organização na gestão da pandemia de covid-19."Nós, argentinos, não vamos permitir que uma organização internacional intervenha na nossa soberania e muito menos na nossa saúde", disse Adorni.O porta-voz argentino esclareceu também que o país sul-americano não beneficia de financiamento da OMS para a gestão da saúde, "pelo que esta medida não representa uma perda de fundos para o país e não afetará a qualidade dos serviços", acrescentou.Segundo Adorni, a Argentina responsabiliza a agência da ONU e o anterior Governo, liderado por Alberto Fernández (2019-2023), pelo "confinamento mais longo da história da humanidade", e acusou a OMS de se deixar contagiar pela "influência política de alguns Estados".O gabinete do Presidente publicou momentos depois uma declaração na qual assegura que "atualmente, as provas indicam que as receitas da OMS não funcionam, pois são o resultado de influência política e não se baseiam na ciência" e instou "a comunidade internacional a repensar a razão de ser das organizações supranacionais".O Governo sublinhou ainda que a organização "falhou no seu maior teste" pois "promoveu quarentenas eternas sem apoio científico quando se tratou de combater a pandemia".A decisão da Argentina surge duas semanas após o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter assinado uma ordem executiva para retomar o processo de retirada do Estados Unidos da América (EUA) da OMS, argumentando que o seu país contribuía com muito mais recursos para a agência do que a China.Durante o seu primeiro mandato presidencial, em 2020, Donald Trump já tinha tentado retirar o país da organização, que acusou de "má gestão" e de ser "controlada pela China". No entanto, o sucessor, o democrata Joe Biden, cancelou a retirada antes de esta entrar em vigor, uma vez que era obrigatório um período de um ano entre o anúncio e a retirada efetiva.Dois dias depois de ter tomado posse para um segundo mandato, no passado dia 20 de janeiro, Trump retomou o processo de retirar os EUA da OMS, justificando-o com a discrepância entre as contribuições financeiras norte-americanas e chinesas e acusou a OMS de "roubar" os EUA, o principal doador desta agência da ONU, que representa mais de 16% do orçamento da organização..Trump assina ordem executiva para retirar EUA da OMS.Milei defende "gesto inocente" do "maravilhoso" Musk e ataca ideologia 'woke'