As Forças de Defesa de Israel (IDF) atacaram ontem um veículo da World Central Kitchen (WCK) no sul de Gaza, matando, segundo a agência de notícias palestiniana Wafa, três funcionários da organização não-governamental do chef espanhol José Andrés sediada nos Estados Unidos. Telavive afirma que tinha como alvo, tendo conseguido eliminá-lo, um “terrorista que participou no massacre no kibutz Nir Oz a 7 de outubro”. Esta é a segunda vez que funcionários da WCK são mortos em Gaza na sequência de ataques israelitas..Israel identificou o seu alvo como sendo Hazmi Kadih, indicando que este “participou no massacre assassino de 7 de outubro no kibutz Nir Oz”, trabalhando atualmente para a World Central Kitchen. “O terrorista foi monitorizado pela inteligência das IDF por um tempo e foi atingido após informações confiáveis sobre a sua localização em tempo real”, indicou ontem o exército. .Depois do ataque, refere o mesmo comunicado, representantes do Coordenador de Atividades nos Territórios, uma unidade do Ministério da Defesa que coordena a logística entre Israel e Gaza, “exigiram que altos funcionários da comunidade internacional e da administração WCK esclarecessem a questão e ordenassem um exame urgente relativamente à contratação de trabalhadores que participaram no massacre de 7 de outubro e ataques terroristas contra o Estado de Israel”..Na sequência deste ataque, as autoridades militares apelaram ainda “às organizações internacionais que operam na Faixa de Gaza para que forneçam às autoridades israelitas detalhes dos funcionários locais que são contratados por elas na Faixa de Gaza, para garantir que os terroristas não utilizem o domínio humanitário”..Numa primeira reação, a World Central Kitchen mostrou-se de “coração partido” pelo ataque mortal israelita contra o veículo que transportava “os nossos colegas”, não especificando quantas pessoas, e informando que vão suspender as suas operações na Faixa de Gaza. .“A World Central Kitchen não tinha conhecimento que qualquer indivíduo no veículo tinha alegadas ligações ao ataque de 7 de outubro do Hamas”, pode ler-se num comunicado publicado na rede social X, acrescentando que “neste momento, estamos a trabalhar com informações incompletas e a procurar urgentemente mais detalhes”. .O tio de um dos funcionários da WCK mortos no ataque de ontem, segundo declarações publicadas pela Sky News, contou que ele “conduzia o carro, normalmente, como sempre”, mas foi “alvo sem aviso prévio e sem qualquer motivo”..A 1 de abril, sete funcionários da World Central Kitchen foram mortos num ataque aéreo israelita no centro de Gaza, o que deixou Telavive sob forte pressão internacional. Na altura, Israel assumiu a responsabilidade pela morte destes funcionários, com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a dizer ter sido um ataque “não intencional”, mas que “acontece numa guerra”, prometendo que iriam fazer “todo o possível para que não volte a acontecer”. Entre os sete mortos estavam três britânicos, um polaco, um australiano, um americano-canadiano e um palestiniano. .Na sequência do ataque, a World Central Kitchen anunciou que iria suspender as operações na região e responsabilizou o Exército israelita, considerando que se tratou de um ato imperdoável. “O Governo israelita tem de acabar com esta matança indiscriminada” e “precisa de deixar de restringir a ajuda humanitária, de deixar de matar civis e trabalhadores humanitários, e de deixar de usar a comida como arma”, escreveu então José Andrés no X..União Europeia, EUA, Polónia, Austrália e Reino Unido foram alguns dos países que exigiram explicações a Israel por estas mortes. Depois de falar ao telefone com Andrés, espanhol radicado nos EUA, o presidente norte-americano, Joe Biden, garantiu então que iria enviar “uma mensagem clara a Israel de que os trabalhadores humanitários devem ser protegidos”.