Numa dura batalha pela reeleição, Benjamin Netanyahu espera que a que foi considerada a melhor campanha de vacinação contra o coronavírus a nível mundial possa ajudá-lo a obter uma desejada maioria..Com cerca de nove milhões de habitantes, Israel já imunizou com as duas doses da vacina da Pfizer-BioNTech mais de metade da população..Netanyahu conseguiu um acordo para o fornecimento rápido de doses da Pfizer-BioNTech, em troca de dados biomédicos dos israelitas sobre os efeitos da vacina..O exército israelita ultrapassou a semana passada os 80% de vacinados ou recuperados da covid-19, tornando-se a primeira instituição a alcançar a imunidade coletiva, segundo um porta-voz militar..Nas últimas eleições para escolher os membros do Knesset (parlamento israelita), há um ano, o coronavírus já se propagava pelo Médio Oriente e Israel instalou assembleias de voto especiais para os eleitores infetados ou suspeitos de infeção..Pela terceira vez os resultados do escrutínio foram inconclusivos e só dois meses depois foi formado um governo de coligação com os dois rivais, Benjamin Netanyahu, do Likud (direita), e Benny Gantz, da coligação centrista Azul e Branco. A razão apresentada foi a pandemia, que exigia estabilidade política..Mas a coligação - que deveria durar três anos, com o executivo a ser presidido por Gantz no último ano e meio -- desfez-se em dezembro devido à recusa de Netanyahu em aprovar um orçamento, o que forçou novas eleições..À frente do "laboratório do mundo", o primeiro-ministro mais perene da história de Israel - com 15 anos no poder, os 12 últimos consecutivamente --, Netanyahu joga agora a carta da "nação da vacina"..Aos 71 anos, "Bibi", como é conhecido no país, lançou a campanha de imunização fazendo-se vacinar em direto na televisão.."Sabem quantos primeiros-ministros e presidentes ligam para a Pfizer e para a Moderna (farmacêuticas)? Eles não respondem, mas a mim atenderam e convenci-os que Israel seria um modelo para a vacina (...) Quem é que vai continuar a fazer isso?", insistiu recentemente o chefe de Governo.."Somos os primeiros no mundo (a sair gradualmente da pandemia), estamos a emergir vitoriosos", disse Netanyahu na última semana, declarando-se o mais capaz para liderar uma recuperação económica pós-covid..Israel já teve três confinamentos e não escapou às consequências económicas da pandemia..Segundo o The Times of Israel, o número de desempregados já atingiu mais de um milhão de pessoas. O jornal israelita cita dados do Ministério das Finanças que indicam uma taxa de desemprego de 36,1%..Alguns culpam Netanyahu pela pouca ajuda aos trabalhadores que perderam os seus empregos devido à pandemia e o primeiro-ministro cessante luta ainda com um julgamento por corrupção em três casos diferentes..Yohanan Plesner, presidente do centro de investigação Israel Democracy Institute, considera que a recuperação pós-covid será um dos temas em destaque no escrutínio e relaciona o desapontamento do público em relação ao modo como se lidou com a epidemia com um aumento da desconfiança nas instituições..Nas segundas legislativas em pandemia e para que a participação não seja mais uma vez uma preocupação, dezenas de autocarros serão convertidos em assembleias de voto para pessoas em quarentena, mas também para diminuir o número de votantes nas restantes, segundo o diretor da Comissão Nacional de Eleições, Orly Adas, citado pelo The Times of Israel..O Estado hebreu já registou mais de 824.000 casos do novo coronavírus, que resultaram em mais de 6.000 mortes, e conta com perto de 37.000 casos ativos do SARS-CoV-2 e dezenas de milhares de pessoas em quarentena.