Elkana Bohbot.
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Hamas divulga vídeo com alegado refém israelita vivo no meio de escalada de violência em Gaza

Hamas publica vídeo de refém israelita pedindo ajuda a Donald Trump
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O braço armado do Hamas intensificou a sua guerra de informação ao divulgar, este sábado, um vídeo do que alega ser um refém israelita vivo, Elkana Bohbot. A divulgação surge num dia marcado pelo anúncio do exército de Israel da sua primeira baixa militar desde a quebra do cessar-fogo na Faixa de Gaza, sublinhando a crescente escalada de violência na região.

As Brigadas Ezzedine al-Qassam publicaram as imagens de Elkana Bohbot poucas horas depois de confirmarem o desaparecimento, há quatro dias, do refém israelo-americano Edan Alexander.

O vídeo mostra Elkana Bohbot visivelmente perturbado, sentado com um cobertor sobre os joelhos e tendo como fundo uma parede de betão. Nas imagens, o refém fala em hebraico e, posteriormente, em inglês, ao telefone fixo com familiares.

A agência de notícias France-Presse (AFP), citada pela Lusa, descreve o conteúdo da alegada chamada telefónica, na qual Elkana Bohbot terá pedido a um amigo para levar a sua mulher à Casa Branca e apelar ao presidente norte-americano, Donald Trump, pela sua libertação.

É prática comum do Hamas utilizar declarações públicas de reféns, que não têm condições para se expressar livremente, com o objetivo de exercer pressão política sobre as autoridades israelitas. A AFP não conseguiu determinar a data exata da gravação nem confirmar a autenticidade da chamada telefónica.

Este é o terceiro vídeo de Elkana Bohbot divulgado pela ala militar do Hamas, sendo o anterior datado de 29 de março. O israelita foi raptado durante o ataque liderado pelo Hamas ao festival de música Nova, no sul de Israel, a 7 de outubro de 2023, evento que desencadeou a atual guerra na Faixa de Gaza.

Paralelamente à divulgação do vídeo, as Brigadas Ezzeldin al-Qassam confirmaram que o refém israelo-americano Edan Alexander está desaparecido na sequência de um ataque israelita na Faixa de Gaza.

Através de uma mensagem divulgada pela agência de notícias palestiniana Sanad, o porta-voz do grupo armado, Abu Obeida, alertou: "Estamos a tentar proteger todos os prisioneiros e preservar as suas vidas, apesar da brutalidade da agressão. No entanto, as suas vidas estão em perigo devido aos bombardeamentos criminosos levados a cabo pelo Exército inimigo".

Na terça-feira anterior, o mesmo porta-voz tinha anunciado a perda de contacto com o grupo que mantinha Edan Alexander em cativeiro, após um bombardeamento israelita no local onde o refém e os seus captores se encontravam.

No terreno, o exército israelita prosseguiu com as suas operações militares, reportando a morte de pelo menos 40 palestinianos em resultado de ataques contra mais de 150 alvos. As forças israelitas anunciaram anda a primeira morte de um dos seus soldados desde o fim da trégua com o Hamas, no mês passado. Segundo as informações israelitas, o militar morreu em combate no norte do território, e outros três soldados ficaram "gravemente feridos".

Em resposta às exigências do Hamas para a libertação dos reféns, o porta-voz do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, Omer Dostri, reiterou que Israel não assinará qualquer acordo que implique o fim da guerra e a retirada das suas tropas da Faixa de Gaza, mesmo que o Hamas se ofereça para libertar todos os reféns.

"O Hamas não nos está a dizer: Venham e recuperem os vossos reféns, e ponto final. Está a exigir o fim da guerra. Isto é manipulação", defendeu aquele responsável, numa entrevista ao Canal 12.

Por outro lado, o líder da delegação negocial do grupo palestiniano, Khalil Al Hayya, manifestou na quinta-feira a disponibilidade para libertar todos os reféns israelitas em troca de uma "cessação completa da guerra", uma "retirada total" das tropas israelitas da Faixa de Gaza e o início da reconstrução do enclave.

A mais recente proposta israelita para um acordo contempla uma trégua de 45 dias e a libertação de 10 reféns vivos na primeira semana, seguida da negociação de um cessar-fogo permanente que incluiria o desarmamento do Hamas. Israel já declarou que as suas tropas permanecerão na denominada "zona de segurança" por tempo indeterminado, independentemente de um acordo com o Hamas.

As negociações entre os dois lados têm decorrido há mais de um mês, desde que Israel quebrou o cessar-fogo, sem que se registem progressos significativos.

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