A ex-governadora da Carolina do Sul ainda não conseguiu vencer em nenhuma primária republicana.
A ex-governadora da Carolina do Sul ainda não conseguiu vencer em nenhuma primária republicana.EPA/JIM LO SCALZO

Haley continua em perda para Trump, mas garante que não vai desistir

Sondagens mostram que Nikki Haley vai perder a primária do seu estado natal. Republicana diz estar a lutar por algo maior, a sua campanha continua a ter dinheiro e até apoio de democratas.
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Nikki Haley prepara-se para sofrer hoje mais uma derrota para Donald Trump nas primárias republicanas, sendo que esta terá um sabor ainda mais amargo, já que se trata da Carolina do Sul, o seu estado natal e do qual foi governadora entre 2011 e 2017. Mesmo assim, promete que não vai desistir da corrida à nomeação do partido para as eleições presidenciais norte-americanas de novembro. “Recuso-me a desistir”, afirmou num evento de campanha. “A Carolina do Sul votará no sábado, mas no domingo ainda estarei a concorrer à presidência. Não vou a lugar nenhum”, garantiu Haley. 

Os números estão longe de ser favoráveis para a antiga governadora da Carolina do Sul. De acordo com o site 538, a média das sondagens dizem que Donald Trump arrecada 63,6% das intenções de votos na primária de hoje, enquanto Nikki Haley não vai além dos 32,9%. Com estes resultados a concretizarem-se, será a terceira derrota consecutiva de Haley frente ao ex-presidente dos Estados Unidos, que goza de grande popularidade junto da base mais conservadora. 

Nas últimas semanas, os dois têm trocado ataques violentos, com Trump a atribuir alcunhas irónicos a Haley,  a minimizar a sua campanha e até a pôr em causa da solidez do seu casamento. Já Haley tem questionado cada vez mais a aptidão de Trump para regressar à Casa Branca, criticando recentemente os seus comentários sobre a Rússia e a NATO. Uma mudança em relação ao início da campanha, quando a ex-governadora e outros candidatos republicanos, que entretanto desistiram da corrida, evitaram criticar Trump diretamente.

“Não fazemos coroações na América”, tem repetido inúmeras vezes em eventos na Carolina do Sul. 

Perante os resultados que tem obtido - no Nevada, ficou atrás da opção “qualquer outro candidato” - e a quase certeza de que Trump será o nomeado republicano, porque é que Haley ainda se mantém na corrida? Tem-se dito muito nos últimos meses de que poderá estar a pensar na vice-presidência. Uma possibilidade negada pela própria e corroborada pela sua postura agressiva em relação a Trump. 

Segundo Haley, a sua luta é “por algo maior” que ela mesma. “Eu não me preocupo com um futuro político. Se me preocupasse já teria desistido. Estou a fazer isto pelos meus filhos, estou a fazer isto pelos vossos filhos e pelos vossos netos”, afirmou num evento em Georgetown, na Carolina do Sul.

Na opinião de Ronald Brownstein, da revista The Atlantic, Nikki Haley está “a mostrar uma determinação em forçar os republicanos a lutar com os riscos que estão a aceitar  correr na eleições gerais ao renomear” Donald Trump. “A grande questão na Carolina do Sul pode não ser se Haley consegue bater Trump, mas sim se o estado lhe dá mais provas, mesmo na derrota, para defender essa premissa”.

Outro fator que mantém Haley nesta corrida a dois com  Trump é o dinheiro. A antiga embaixadora dos Estados Unidos junto da ONU (nomeada por Trump) continua a amealhar donativos, graças à sua atitude mais agressiva em relação ao seu opositor. Depois da sua derrota no New Hampshire angariou cinco milhões de dólares, Trump atacou o seu casamento e recebeu mais um milhão de dólares. De acordo com a AP, em janeiro ultrapassou mesmo o ex-presidente em termos de angariações: 11,5 milhões contra 8,8 milhões. 

E depois há que contar também com os democratas. A Carolina do Sul tem um sistema de primárias abertas, o que significa que qualquer eleitor registado poderá participar nas primárias de qualquer partido. Contudo, os eleitores só podem participar nas primárias de um único partido, pelo que as pessoas que votaram nas primárias democratas de dia 3 não poderão votar na disputa republicana. 

Apenas 126 mil democratas dos mais de 500 mil que participaram na primária deste estado em 2020 é que votaram na disputa democrata deste ano - na qual Joe Biden saiu vencedor - deixando disponíveis para Haley um imenso campo de votos anti-Trump. “Nikki Haley e eu discordamos em tudo. Mas concordamos naquilo que é mais importante, a democracia”, referiu ao The Guardian o democrata Chris Richardson, conselheiro do PrimaryPivot, um grupo que está a apelar a democratas e independentes em estados onde podem votar em primárias republicanas a darem o seu apoio a Haley de forma a evitar a nomeação de Trump.

“Temos dois votos para defender a democracia. Nikki Haley é uma barreira e Joe Biden é outra. Se a barreira Nikki Haley falhar, obviamente que daremos tudo por Joe Biden, mas preferia que não chegássemos a isso porque me parece ser um jogo pela democracia”, disse ainda Richardson.  

Depois da Carolina do Sul, a corrida republicana caminhará para a “Super Terça-feira”, a 5 de março, quando 15 estados serão chamados às urnas, incluindo a Califórnia e o Texas, os maiores do país. Seja qual for o resultado de hoje, Haley já tem marcado para este domingo um evento de campanha em Troy, no Michigan,  estado onde irá a votos no dia 2.

ana.meireles@dn.pt

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