Imagem distribuída pelo grupo separatista tuaregue junto de um veículo militar russo.
Imagem distribuída pelo grupo separatista tuaregue junto de um veículo militar russo.

Guerra na Ucrânia chegou ao Mali

Kiev admite ter ajudado tuaregues numa batalha que terá custado a vida a dezenas de mercenários russos do grupo Wagner.
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O grupo de mercenários Wagner, ao lado do exército da junta do Mali, sofreu uma emboscada dos rebeldes tuaregues no nordeste do país, perto da fronteira com a Argélia. Da batalha iniciada na quinta-feira, e que terminou no sábado, os russos perderam dezenas de homens, numa ação que contou com o apoio da Ucrânia. Os serviços secretos de Defesa da Ucrânia disseram ter fornecido “informações necessárias” aos separatistas (CSP-DPA) que “permitiram uma operação militar bem-sucedida contra os criminosos de guerra russos”.

Foi só na segunda-feira que quer o exército maliano, quer o grupo Wagner admitiram ter sofrido “um largo número de baixas”a sul de Tinzaouatene, numa região que viu ser declarada a independência pelos tuaregues, em 2012, para no ano seguinte grupos armados islamistas começarem a atacar na região. 

Militares franceses estiveram presentes no país para combater os grupos islamistas, mas com o golpe militar mais recente, em 2021, Paris suspendeu os acordos com Bamako e pouco tempo depois militares russos entraram no país. 

O grupo separatista tuaregue CSP-DPA publicou vídeos de russos, uns mortos, outros capturados. Num comunicado reclamou vitória, lamentou a morte de sete dos seus, e negou qualquer ligação ao grupo terrorista afiliado da Al-Qaeda JNIM. Alexander Ivanov, chefe do Wagner na República Centro-Africana, disse à agência Tass que os tuaregues usaram drones ucranianos. Não foi a primeira vez que a Ucrânia se envolveu com o grupo Wagner em África, tendo no ano passado infligido um ataque no Sudão.

O grupo fundado por Yevgeny Prigozhin já tinha conhecido a derrota antes. Em 2018, no nordeste da Síria, um destacamento de mercenários acompanhou soldados do exército de Bashar al-Assad numa batalha para tomar um posto dos Estados Unidos, mas ao fim de horas de confronto armado – o maior entre forças russas e norte-americanas desde a Guerra Fria – um ataque conjunto de drones, caças e helicópteros norte-americanos pôs fim à aventura. No ano seguinte, no norte de Moçambique, em Cabo Delgado, a empresa militar retirou-se após uma presença de cerca de dois meses, onde sofreu pesadas baixas e falhou o objetivo de combater a rebelião jihadista. 

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