Greta Thunberg e outros três ativistas do veleiro Madleen já deixaram Israel. Restantes esperam pela expulsão
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Greta Thunberg e outros três ativistas do veleiro Madleen já deixaram Israel. Restantes esperam pela expulsão

Oito ativistas intercetados pelas autoridades israelitas quando se preparavam para entregar ajuda humanitária em Gaza enfrentam processos judiciais para a expulsão.
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Quatro dos 12 ativistas pró-Palestina que seguiam a bordo do veleiro Madleen, intercetado por Israel quando tentava alcançar a Faixa de Gaza, já foram repatriados e encontram-se em viagem para Paris. Entre eles está a sueca Greta Thunberg, que foi fotografada pelas autoridades israelitas já dentro do avião, à partida de Telavive.

Antes da partida, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel anunciou na rede social X que aqueles que se recusassem a assinar os documentos de expulsão e a abandonar Israel seriam "apresentados a uma autoridade judicial, de acordo com a lei israelita, para que seja autorizada a sua expulsão”.

Jean-Noël Barrot, ministro dos Negócios Estrangeiros de França, já veio admitir que um dos franceses intercetados a bordo do veleiro "optou por assinar o formulário israelense, aceitando sua expulsão sem esperar pela decisão do tribunal" e acrescentou que "os outros cinco opuseram-se e sua possível expulsão ocorrerá após a decisão do juiz israelita nos próximos dias".

O Madleen, com 12 ativistas a bordo, incluindo a ativista sueca Greta Thunberg, foi intercetado na manhã de segunda-feira, quando tentava chegar à Faixa de Gaza com ajuda humanitária.

O veleiro chegou na noite de segunda-feira ao porto israelita de Ashdod, escoltado por dois navios da marinha de guerra de Israel.

A Coligação da Flotilha da Liberdade (FFC, na sigla em inglês), que fretou o barco, confirmou que os militantes estavam sob custódia das autoridades israelitas e que “poderiam ser autorizados a partir de Telavive” já entre segunda-feira e hoje.

“Continuamos a exigir a libertação imediata de todos os voluntários”, escreveu a organização na mesma plataforma, considerando que a detenção é “ilegal” e “viola o direito internacional”.

O veleiro, com cidadãos franceses, alemães, brasileiros, turcos, suecos, espanhóis e holandeses a bordo, partiu de Itália a 01 de junho com o objetivo de “romper o bloqueio israelita” à Faixa de Gaza, que enfrenta uma grave crise humanitária após mais de 20 meses de guerra, desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra Israel.

O exército israelita confirmou que o barco foi “intercetado” durante a noite, sem especificar o local exato da operação.

“Se estão a ver este vídeo, fomos intercetados e raptados em águas internacionais”, afirmou Greta Thunberg numa mensagem vídeo pré-gravada, divulgada pela FFC.

Imagens partilhadas pela organização mostram os ativistas com coletes salva-vidas de cor laranja, de mãos no ar no momento da interceção, alguns a entregar os telemóveis, conforme instruções recebidas. Pouco antes, alguns lançaram os aparelhos ao mar.

A FFC, criada em 2010, é um movimento internacional não violento de apoio aos palestinianos, combinando ações de ajuda humanitária com protesto político contra o bloqueio imposto à Faixa de Gaza.

Além de Greta Thunberg, integravam o grupo a eurodeputada franco-palestiniana de esquerda Rima Hassan e dois jornalistas.

A França afirmou ter transmitido “todas as mensagens” a Israel para garantir a “proteção” dos seus seis cidadãos a bordo e para que “possam regressar a solo francês”, declarou na segunda-feira o Presidente Emmanuel Macron, classificando o bloqueio humanitário a Gaza como um “escândalo”.

Dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se na noite de segunda-feira em várias cidades francesas, em apoio aos ativistas, num protesto convocado por partidos de esquerda.

A Turquia condenou a operação israelita, classificando-a como um “ataque odioso” e uma “violação flagrante do direito internacional”.

Em 2010, uma flotilha internacional com cerca de 700 passageiros, partida da Turquia com o mesmo objetivo de quebrar o bloqueio a Gaza, foi travada por uma operação militar israelita que resultou na morte de 10 ativistas.

Depois de alcançar a costa egípcia, o Madleen aproximou-se de Gaza, ignorando os avisos de Israel contra qualquer tentativa de “quebrar o bloqueio marítimo”, justificado por Telavive como forma de impedir a entrada de armas no território controlado pelo Hamas.

O Governo israelita de Benjamin Netanyahu acusou na segunda-feira Greta Thunberg e os restantes ativistas de encenarem uma “provocação mediática com o único objetivo de se autopromoverem”.

Israel enfrenta uma crescente pressão internacional para pôr fim à guerra. Segundo a ONU, os bombardeamentos diários destruíram grande parte da Faixa de Gaza, onde a população está em risco de fome devido ao cerco e às severas restrições à entrada de ajuda humanitária.

*com Lusa

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