O Governo dos Estados Unidos ameaçou retirar à Universidade de Harvard “o privilégio de matricular estudantes estrangeiros”, se não “cumprir integralmente os seus requisitos de informação”.A secretária para a Segurança Interna, Kristi Noem, “escreveu uma carta contundente esob pena de perda imediata da certificação do Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio”, anunciou o Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês).Segundo um comunicado divulgado ao final desta quarta-feira, Noem cancelou igualmente dois subsídios no valor de 2,7 milhões de dólares (2,37 milhões de euros) à prestigiada universidade norte-americana, por considerar que “não é adequado confiar-lhe o dinheiro dos contribuintes”. . “Harvard, que se ajoelha perante o antissemitismo - impulsionada pela sua liderança sem coluna vertebral - alimenta uma latrina de motins extremistas e ameaça a nossa segurança nacional”, afirmou ainda a secretária."Com a ideologia anti-americana e pró-Hamas [movimento islamita palestiniano] a envenenar o seu campus e as suas salas de aula, a posição de Harvard como uma instituição de ensino superior de topo é uma memória distante. A América exige mais das universidades que recebem o dinheiro dos contribuintes", acrescentou Noem.A ação do DHS segue-se à decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, no início desta semana, de congelar 2,2 mil milhões de dólares (1,93 mil milhões de euros) de financiamento federal a Harvard, propondo ao mesmo tempo a revogação do seu estatuto de isenção fiscal.Noem acrescenta no comunicado que, “com uma dotação de 53,2 mil milhões de dólares [46,8 mil milhões de euros], Harvard pode financiar o seu próprio caos - o DHS não o fará”.Também Trump intensificou na quarta-feira as críticas à universidade, dizendo na sua rede social Truth Social que Harvard “ensina o ódio e a imbecilidade” e “não deve continuar a receber financiamento federal”. . O presidente norte-americano acusa as instituições de ensino superior de permitirem o florescimento do antissemitismo nos seus campus, e o Governo exigiu que implementassem uma série de medidas - incluindo uma auditoria às opiniões dos estudantes e do pessoal docente - sob pena de fechar a torneira dos subsídios.O reitor de Harvard, Alan Garber, numa carta dirigida aos estudantes e professores da instituição, anunciou na segunda-feira que a universidade já estava a tomar medidas contra o antissemitismo há mais de um ano, assegurando-lhes que a instituição não abandonaria “a sua independência, nem os seus direitos garantidos pela Constituição”, nomeadamente a liberdade de expressão.“Nenhum governo, independentemente do partido que esteja no poder, deve ditar às universidades privadas o que devem ensinar, quem podem recrutar e contratar, ou que temas podem investigar”, acrescentou.A reação de Harvard foi saudada por centenas de professores e por várias figuras do Partido Democrata, incluindo Barack Obama, tendo o antigo presidente (2009-2017) saudado a medida como um exemplo que deve ser seguido por outras instituições.Em contraste, a Universidade de Columbia concordou em empreender reformas de longo alcance, vistas por alguns como uma capitulação à administração Trump. No entanto, a universidade sediada em Nova Iorque disse na terça-feira que recusaria "qualquer acordo que [a] fizesse desistir da [sua] independência".A Universidade de Harvard, que se situa perto de Boston e tem cerca de 30 mil estudantes, está há anos firmemente estabelecida no topo da classificação mundial de Xangai dos estabelecimentos de ensino superior..Deputadas transgénero brasileiras recebem vistos dos EUA que as identificam como homens