Festejos de apoiantes da Frelimo pouco depois de a Comissão Nacional de Eleições anunciar os resultados.
Festejos de apoiantes da Frelimo pouco depois de a Comissão Nacional de Eleições anunciar os resultados.LUÍSA NHANTUMBO/LUSA

Frelimo elege Chapo e reforça poder, Renamo deixa de liderar oposição

Venâncio Mondlane foi o segundo candidato presidencial mais votado e o Podemos, partido que o apoiou, tornou-se na segunda maior força do país. Após serem conhecidos os resultados, a polícia montou um perímetro de segurança no centro de Maputo.
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A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder desde a independência, venceu as legislativas do passado dia 9, consolidando a sua maioria absoluta com mais 11 deputados, e viu Daniel Chapo, o seu candidato presidencial, ser eleito o sucessor de Filipe Nyusi, de acordo com os resultados divulgados esta quinta-feira pela Comissão Nacional de Eleições. A grande surpresa veio dos resultados inéditos da Renamo: pela primeira vez não liderará a oposição no Parlamento e o seu candidato presidencial foi o terceiro e não o segundo mais votado. Depois de serem conhecidos os resultados, a polícia montou um perímetro de segurança na avenida Joaquim Chissano, em Maputo, onde estavam pneus a arder em protesto contra o desfecho destas eleições.

De acordo com os resultados das eleições gerais  - presidenciais, legislativas e assembleias provinciais -, a Frelimo obteve, para o Parlamento, 195 mandatos (em 250). Além de reforçar a maioria, a Frelimo também viu Daniel Chapo, o seu candidato presidencial, ser eleito com 70,67% dos votos. Resultados que terão ainda de ser validados pelo Conselho Constitucional.

O Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), pequeno partido até agora fora do Parlamento e que apoiou a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, ficou em segundo lugar, elegendo 31 deputados. Já a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), até agora maior partido da oposição, caiu de 60 para 20 deputados, enquanto que o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) mantém a representação parlamentar, mas viu o total de deputados cair de seis para quatro. 

Venâncio Mondlane, apoiado pelo Podemos, ficou em segundo lugar nas presidenciais, com 20,32%, totalizando 1.412.517 votos. Na terceira posição da eleição presidencial ficou Ossufo Momade, presidente da Renamo, com 403.591 votos (5,81%), seguido de Lutero Simango, presidente do MDM, com 223.066 votos (3,21%).

Estes são os piores resultados alcançados pela Renamo numas eleições, tanto parlamentares como presidenciais, relegando este partido histórico para uma inédita terceira posição em Moçambique, impulsionados pela popularidade de Mondlane, que se estendeu ao partido que o apoiou. 

Este processo eleitoral tem sido criticado por observadores internacionais, que apontam várias irregularidades, e marcado pela violência, com protestos na rua que levaram à intervenção da polícia com lançamento de gás lacrimogéneo e tiros para o ar, e o homicídio de dois apoiantes de Venâncio Mondlane, o advogado Elvino Dias e o docente Paulo Guambe, mortos a tiro numa emboscada em Maputo na noite de 18 de outubro.

Esta quinta-feira ficou também marcada por episódios de violência, com a polícia moçambicana a montar um perímetro de segurança na avenida Joaquim Chissano, em Maputo, onde estavam pneus a arder, num protesto que se seguiu ao anúncio dos resultados das eleições, sendo audíveis disparos na zona. Durante a tarde, a Lusa constatou no local que foram disparados vários tiros nos bairros próximos da avenida Joaquim Chissano, a mesma artéria onde foram mortos Elvino Dias e Paulo Guambe, bem como gás lacrimogéneo, tendo um helicóptero sobrevoado a zona. 

com Lusa

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