França vai construir prisão de alta segurança em plena Amazónia para jihadistas e narcotraficantes (com fotos)
O ministro da Justiça francês, Gérald Darmanin, anunciou no domingo que uma prisão de alta segurança será construída até 2028 em Saint-Laurent-du-Maroni, em pleno coação da floresta amazónica, no território ultramarino da Guiana Francesa.
Esta será a “terceira prisão de alta segurança de França”, depois das de Vendin-le-Vieil (Pas-de-Calais) e Condé-sur-Sarthe (Orne), anunciou o governante.
A nova prisão faz parte do projeto de cidade judicial previsto no plano de emergência dos acordos da Guiana Francesa assinados em abril de 2017 e terá como objetivo resolver o problema da sobrelotação na prisão de Rémire-Montjoly, que tem uma taxa de ocupação de 134,7%, segundo dados do Ministério da Justiça relativos a junho do ano passado.
No entanto, o anúncio da construção de uma unidade de alta segurança gerou "espanto e indignação" no território ultramarino. Jean-Paul Fereira, presidente interino da Coletividade Territorial da Guiana Francesa, afirmou que a inclusão dessa unidade nunca foi discutida com as autoridades locais e que o acordo de 2017 previa a construção de uma nova prisão apenas para resolver o problema da sobrelotação.
A prisão, com capacidade para 500 reclusos, será construída num terreno de várias dezenas de hectares no meio da selva amazónica, na fronteira com o Suriname, num investimento de cerca 400 milhões de euros.
Das 500 vagas, 60 serão reservadas para a unidade de alta segurança, incluindo 15 específicas para radicais islâmicos condenados por terrorismo jihadista. A unidade tem como objetivo acolher "os perfis mais perigosos do narcotráfico" das Antilhas e da Guiana, explicou Gérald Darmanin.
Na unidade de alta segurança haverá um "regime prisional extremamente rigoroso", inspirado nas leis antimáfia italianas, com pouca abertura para passeios e receção de visitantes e no qual os reclusos serão sujeitos a revistas permanentes, vigilância eletrónica 24 horas por dia e um isolamento muito rigoroso. Espera-se também que bloqueadores de telemóveis e drones sejam instalados no edifício.
Além da prisão, a infraestrutura vai contemplar um tribunal judicial, um serviço de integração prisional e liberdade condicional, bem como instalações para o departamento de proteção da justiça juvenil.
A Guiana Francesa é o território francês com o maior índice de criminalidade, com um recorde de 20,6 homicídios por 100 mil habitantes em 2023 — quase 14 vezes superior à média nacional.
Saint-Laurent-du-Maroni é um ponto estratégico devido à proximidade com o Suriname e o Brasil. Entre meados dos séculos XIX e XX possuiu uma colónia penal onde estiveram detidos prisioneiros políticos franceses e que foi retratada no best-seller francês Papillon, uma autobiografia de Henri Charrière que foi posteriormente adaptada para dois filmes, um de 1973 e outro de 2017.