O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou que vai reconhecer o Estado palestiniano durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, que se realiza em setembro. A França vai tornar-se no 148.º país da ONU a fazê-lo, o primeiro do grupo das sete maiores economias mundiais (G7), mas tem esperança de que outros possam seguir-lhe o exemplo. No ano passado, nove países deram esse passo, incluindo Espanha, Irlanda e Noruega, e em março o México foi o último a fazê-lo. A decisão de reconhecer o Estado palestiniano é principalmente simbólica, com Macron a dizer que o faz para preservar alguma hipótese de uma solução de dois Estados - que considera como a única viável para a paz. Mas a sua decisão, criticada por Israel e os EUA, não terá qualquer impacto ao nível de um acordo de cessar-fogo e em relação à ajuda humanitária (outro dos objetivos). “Essa afirmação não tem peso algum”, disse o presidente norte-americano, Donald Trump. No total, 147 em 193 países da ONU reconhecem o Estado palestiniano. A maior parte dos que não o reconhecem estão na Europa. Camarões e Eritreia são os únicos no continente africano que não reconhecem o Estado palestiniano, enquanto no americano além dos EUA e do Canadá, também não é reconhecido pelo Panamá. Myanmar, Singapura e Coreia do Sul são os países asiáticos que, junto com o Japão, não deram esse passo, enquanto várias ilhas da Oceânia, incluindo Austrália e Nova Zelândia, também não o fizeram. Há meses que o presidente francês vinha a falar na possibilidade de reconhecer o Estado palestiniano, tentando convencer aliados. Mas acabou por avançar sozinho, esperando que estes lhe sigam o exemplo. Nos outros países do G7, Canadá ou Reino Unido têm intensificado as críticas, mas não vão mais longe, enquanto Alemanha e Itália rejeitam totalmente essa ideia. CanadáO primeiro-ministro Mark Carney tem aumentado as críticas a Israel, condenando a “negação de ajuda humanitária” aos civis de Gaza. E apesar de dizer que o Canadá “apoia a solução de dois Estados”, que “garante a paz e segurança para israelitas e palestinianos”, tem recusado ir mais longe. Reino UnidoO primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, defende que o reconhecimento “deve ser parte de um plano mais alargado, que culmina numa solução de dois Estados e segurança duradoura para palestinianos e israelitas”. Starmer diz que só assim o gesto terá “máximo impacto, para melhorar as vidas dos que estão a sofrer”, defendendo ainda assim que esse será sempre o “objetivo final” dos britânicos. Mas o primeiro-ministro está sob pressão, com mais de um terço dos deputados a assinarem uma carta a pedir o reconhecimento do Estado palestiniano e vários membros do seu Governo a defenderem-no também.AlemanhaOs alemães não têm qualquer plano para reconhecer o Estado palestiniano. “A segurança de Israel é de importância primordial para o Governo alemão”, disse o porta-voz. “Portanto, o Governo alemão não tem planos para reconhecer um Estado palestiniano a curto prazo”. A posição da Alemanha em relação a Israel é fortemente influenciada por aquilo que considera ser uma responsabilidade especial de expiar o Holocausto nazi contra os judeus europeus, no qual seis milhões de pessoas foram mortas durante o regime de Hitler (1933-45).Itália“Sou muito a favor do Estado da Palestina, mas não sou a favor de o reconhecer antes de o estabelecer”, disse a primeira-ministra Giorgia Meloni ao jornal italiano La Repubblica, no sábado (26 de julho). “Se algo que não existe é reconhecido no papel, o problema pode parecer resolvido quando não está”, acrescentou.JapãoO governo japonês defende que as “expectativas dos palestinianos devem ser acomodadas”, sendo que a solução de dois Estados tem sido “consistentemente apoiada” por Tóquio. Contudo, defendem que esta solução deve ser “negociada” entre as partes, parecendo afastar a possibilidade de um reconhecimento do Estado palestiniano. E Portugal?“Portugal sempre esteve aberto e estará a este reconhecimento”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, depois do anúncio francês, indicando que a conferência que decorre nas Nações Unidas será importante para a decisão. O primeiro-ministro, explicou, “já indicou uma série de condições [para fazer o reconhecimento] que são paralelas a condições que a França tinha definido e que a França considerou preenchidas”.