Forte atividade sísmica em Santorini leva quase 9 mil pessoas a abandonar a ilha grega
A forte atividade sísmica que se tem registado nos últimos dias em Santorini já levou quase nove mil pessoas a abondarem aquela ilha grega. Esta terça-feira foram registados novos tremores de terra, sendo o mais forte de magnitude 5, com o epicentro registado a 12 quilómetros de profundidade.
Em 24 horas, foram registados mais de 550 sismos na área marítima entre Santorini, Amorgos e Ios.
A atividade sísmica intensa fez com que quase nove mil pessoas abandonassem Santorini, seis mil dos quais fizeram-no no domingo através de ferries, de acordo com o presidente da Associação Grega de Empresas de Transporte de Passageiros, Dionysis Theodoratos, citado pelo jornal italiano Corriere Della Sera.
Têm sido registadas filas em frente a agências de viagens, mas, relata a mesma publicação, não se verifica pânico entre quem quer sair da ilha, até porque, nesta altura do ano, o número de turistas não é tão elevado.
Os transportes têm sido reforçados para permitir a quem queira sair da ilha o possa fazer em segurança. A companhia aérea Aegean, por exemplo, acrescentou esta terça-feira mais quatro voos para Atenas, totalizando oito voos para a capital grega. Um aumento de voos, a pedido do Ministério da Proteção Civil.
Na segunda-feira, a Proteção Civil enviou uma mensagem de alerta para os telemóveis dos habitantes de Santorini, informando que existe um risco elevado de deslizamentos de terras e que o acesso a certas praias e portos da ilha está proibido.
Poucos minutos depois, uma segunda mensagem foi enviada para os telemóveis dos habitantes desta ilha e das ilhas de Ios, Anafes e Amorgos, alertando-os para uma "atividade sísmica prolongada" e instando-os a "manterem-se preparados" e a "seguirem as instruções das autoridades".
O Governo grego já tinha emitido um aviso de elevada atividade sísmica no sábado e pediu às pessoas das zonas afetadas que evitassem reunir-se em espaços fechados e que se mantivessem afastadas de edifícios abandonados.
O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, apelou, também na segunda-feira, aos residentes de Santorini para "permanecerem calmos", apesar da "intensa" atividade sísmica que atingiu a ilha turística mundialmente famosa nos últimos dois dias.
"Temos de gerir um fenómeno geológico muito intenso" nesta ilha das Cíclades, no Mar Egeu, alertou o chefe de governo a partir de Bruxelas, onde participava numa cimeira europeia.
"Acima de tudo, gostaria de pedir aos habitantes da ilha que mantenham a calma", acrescentou.
De acordo com o recenseamento de 2021, Santorini tem 15.000 habitantes, embora se estime que existam mais 10.000 habitantes permanentes não registados, e Amorgos cerca de 2.000, aos quais se devem acrescentar os turistas, cujo número ainda é baixo, devido ao facto de a época de verão ainda não ter chegado.
Os especialistas afirmam que a atividade sísmica dos últimos dias não está relacionada com o vulcão de Santorini, mas sim com falhas submarinas na zona.
Estas cinco falhas, cada uma com mais de 20 quilómetros de comprimento, podem produzir sismos de magnitude até 7,3, como o registado perto de Amorgos em 1956, que provocou um 'tsunami' de 30 metros que matou 53 pessoas.
Uma das maiores erupções da história, por volta de 1600 antes de Cristo, deu à ilha de Santorini a sua forma atual e formou um 'tsunami' que chegou a Creta e pôs fim à civilização minóica na ilha.
A última erupção na zona ocorreu em 1950.
Com Lusa