O até agora porta-voz do Partido Popular (PP) no Congresso espanhol, Miguel Tellado, será o novo secretário-geral depois da saída de Cuca Gamarra, que ocupava o cargo desde abril de 2022. O líder do PP, Alberto Núnez Feijóo, que tem garantida a reeleição no congresso que se realiza entre esta sexta-feira e domingo em Madrid, aposta todas as cartas no seu novo número dois, entregando-lhe também a área de Organização do partido. O objetivo de Feijóo é só um: chegar à Moncloa. E aproveitar a fragilidade do primeiro-ministro Pedro Sánchez e dos socialistas, embrulhados nos escândalos de corrupção que meteram o antigo número três em prisão preventiva. O líder do PSOE reúne amanhã o Comité Federal na rua Ferraz e prepara uma “limpeza” na direção do partido, não se limitando aos que eram mais próximos de Santos Cerdán. O novo número dois de Feijóo é galego como ele e tem sido a sua sombra. É visto como um homem de perfil duro, com um estilo “bronco e agressivo”, segundo o El País. Para o lugar que era de Tellado no Congresso, vai agora Ester Muñoz. Feijóo fala em “mudanças importantes” e diz que são “dois modelos, duas pessoas jovens” para o novo PP. “O nosso país precisa de política à altura e Alberto Núñez Feijóo vai realizá-la com o Governo honesto, honrado e eficaz que os espanhóis merecem. A corrupção e a degradação institucional do sanchismo têm os dias contados. No PP trabalharemos todos para isso”, escreveu Tellado no X, agradecendo a Feijóo. .Com estas alterações, o líder do PP coloca-se em modo eleitoral, tendo conseguido resolver antecipadamente um possível choque com Isabel Díaz Ayuso no Congresso. A presidente do governo de Madrid e líder do PP regional, vista como potencial rival de Feijóo, queria impor primárias diretas no partido, mas o líder manteve as primárias indiretas. Os militantes elegem os delegados ao congresso, tendo Ayuso conseguido que estes estes concorram em listas dos candidatos - para evitar surpresas. As mudanças no PP são fruto da estratégia de Feijóo, mas as do PSOE são impostas pelo escândalo de corrupção que atingiu a liderança do partido. Os dois últimos secretários de Organização (ou seja, os números três do PSOE), homens de confiança de Sánchez, estão envolvidos. Um deles está preso.Segundo os jornais espanhóis, o primeiro-ministro e líder do partido já terá avisado pelo menos nove atuais membros do Executiva Federal que não conta com eles. No grupo estão as pessoas próximas de Cerdán, mas não só - para evitar a ideia de uma “caça às bruxas”. Sánchez, que fará um discurso, deverá ainda anunciar várias mudanças no código de ética do partido.