Feijóo na conferência de imprensa.
Feijóo na conferência de imprensa.EPA/BORJA SANCHEZ-TRILLO

Feijóo critica “chantagem” do Vox após rutura de acordos regionais

Imigração na origem dos problemas em cinco comunidades. Líder do PP pede a Abascal que “não impeça a governação”, enquanto Sánchez congratula-se com crise à direita.
Publicado a
Atualizado a

A decisão de Alberto Núñez Feijóo de aceitar que as comunidades autónomas governadas pelo Partido Popular (PP) acolhessem 400 migrantes menores que estão nas Canárias e em Ceuta levou a extrema-direita do Vox, com quem governava em cinco delas, a cumprir a ameaça e a romper os acordos de governo regionais. Mas nem todos dentro do partido de Santiago Abascal concordaram com essa posição, com dois conselheiros nomeados pelo Vox a optarem por continuar nos seus cargos e a afastar-se do partido.

O líder do PP denunciou esta sexta-feira, numa conferência de imprensa, a “chantagem” do Vox, pedindo contudo a Abascal que “não impeça a governação” nem “a mudança política em Espanha”. A rutura parece estar contida a nível das comunidades autónomas - Castela e Leão, Aragão, Comunidade Valenciana, Extremadura e Múrcia e ao apoio parlamentar nas Baleares -, apesar de o ministro da Presidência, Félix Bolaños, ter desafiado o PP a romper com o Vox nas 140 autarquias que governam juntos. Feijóo admite que a decisão está nas mãos da extrema-direita.

Ao anunciar a rutura, após uma reunião da Comissão Executiva do Vox na quinta-feira à noite, Abascal disse que o seu partido passará à oposição “leal e contundente” ao que apelidou de “pactos cada vez mais habituais” entre o líder do PP e o primeiro-ministro, o socialista Pedro Sánchez. Abascal acusou ainda Feijóo de querer “impor políticas de fronteiras abertas”, avisando que ninguém votou no Vox e no PP para manter “a invasão” de menores ilegais não acompanhados. E admitiu que havia “diferentes posições” dentro da direção do partido sobre o próximo passo a dar.

Dois dos conselheiros nomeados pelo Vox recusaram apresentar a demissão e, com a luz verde dos presidentes autonómicos do PP, vão continuar nos cargos. Em causa está o único conselheiro da extrema-direita na Extremadura, Ignacio Higuero, titular da Gestão Florestal e Mundo Rural - “O Vox já não representa os meus ideais”, indicou, anunciando que deixa o partido. Quem também fica, mas no governo de Castela e Leão, é o titular da Cultura, Turismo e Desporto, Gonzalo Santonja. O vice-presidente autonómico, Juan García Gallardo, apresentou a demissão e os outros dois membros do Vox no executivo regional foram demitidos pelo presidente Juan Vicente Herrera. A saída do Vox dos governos das comunidades autónomas não obriga à sua queda, mas obriga o PP a procurar acordos mais alargados para poder governar e, quando chegar a hora, aprovar os orçamentos regionais.

Em Washington, onde esteve a participar na cimeira da NATO, Sánchez congratulou-se com a rutura entre PP e Vox. “A Espanha é hoje um país melhor. E não consigo esconder minha alegria e a minha felicidade”, indicou. “Não sei quem beneficia politicamente com a saída da extrema-direita dos governos regionais. Mas os maiores beneficiários são os homens e as mulheres espanhóis”, disse, questionando se o PP também iria romper com o Vox e dizendo que a reforma da Lei da Imigração será a prova.

susana.f.salvador@dn.pt 

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt