Chefe da diplomacia chinesa com enviados da Fatah e Hamas.
Chefe da diplomacia chinesa com enviados da Fatah e Hamas.Pedro Pardo / POOL / AFP

Fatah e Hamas assinam acordo de “união nacional” com a ajuda da China

Israel acusou Mahmoud Abbas de “abraçar assassinos e violadores”. Netanyahu está nos EUA.
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Mais de um ano depois de ter negociado o restabelecer das relações diplomáticas entre o Irão e a Arábia Saudita, a China dá novo passo na mostra da sua crescente influência no Médio Oriente. Pequim anunciou esta terça-feira um acordo de “união nacional” de 14 fações palestinianas, entre elas a Fatah (que governa na Cisjordânia) e o Hamas (no poder na Faixa de Gaza), que abre a porta a um “governo interino de reconciliação nacional” no enclave após o final da guerra. 

A Declaração de Pequim foi assinada ao final de dois dias de diálogo de reconciliação na capital chinesa. Um diálogo, com vista a pôr fim a 17 anos de disputas, que tinha dado os primeiros passos ainda em abril. Esta não é a primeira tentativa de reconciliação desde que os combatentes do Hamas expulsaram a Fatah de Gaza após a guerra de 2007 - o culminar da luta pelo poder após os primeiros terem vencido as Legislativas de 2006.

“Hoje assinámos um acordo de união nacional e afirmámos que o caminho para completar esta viagem é a união nacional. Estamos comprometidos com ela e fazemos um apelo para a alcançar”, disse o responsável do Hamas, Musa Abu Marzuk, após o encontro com o enviado da Fatah, Mahmud al-Aloul, e emissários de outros 12 grupos palestinianos.

O anfitrião do diálogo foi o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, tendo também estado presentes representantes do Egito (mediador no conflito entre o Hamas e Israel), a Argélia (membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU e autor de várias resoluções sobre o conflito) e a Rússia. Pequim quer “desempenhar um papel construtivo em salvaguardar a paz e a estabilidade no Médio Oriente”, enfatizou Wang.

Israel criticou o acordo e atacou a Fatah. “Em vez de rejeitar o terrorismo, Mahmoud Abbas abraça os assassinos e violadores do Hamas, revelando a sua verdadeira face. Na realidade, isto não acontecerá porque o Governo do Hamas será esmagado e Abbas estará a vigiar Gaza de longe”, escreveu no X o chefe da diplomacia israelita, Israel Katz.

O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, está em Washington, onde deve discursar esta quarta-feira diante das duas câmaras do Congresso, antes de uma reunião na quinta-feira com o presidente Joe Biden. Na agenda está também um encontro com o ex-presidente Donald Trump, na Florida. 

susana.f.salvador@dn.pt

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