O avião da Força Aérea Espanhola que transportou o candidato da oposição às eleições presidenciais da Venezuela Edmundo González Urrutia aterrou na Base Aérea de Torrejón de Ardoz, em Madrid, por volta das 16:00 (às 15h00 em Lisboa)..Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros, González, que viajou acompanhado da mulher e do secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Globais, Diego Martínez Belío, foi recebido pela secretária de Estado para a América Latina e Espanhol no Mundo, Susana Sumelzo.."A partir de agora terão início os procedimentos para o pedido de asilo, cuja resolução será favorável no interesse do compromisso de Espanha com os direitos políticos e a integridade física de todos os venezuelanos, especialmente dos líderes políticos", refere a nota do Ministério..María Corina Machado, líder da oposição na Venezuela, prometeu continuar a luta política no país, ao passo que o candidato do anti-chavismo, Edmundo González Urrutia, vai continuar a luta no exterior.."Que isto fique muito claro para todos: Edmundo lutará desde o exterior, junto à nossa diáspora, e eu seguirei lutando aqui, junto a vós", escreveu Machado na rede social X, na mesma altura em que Urrutia aterrava em Madrid para pedir asilo político a Espanha..O candidato à presidência da Venezuela pela Plataforma Unitária Democrática (PUD) saiu do país porque "a sua vida corria perigo" e por causa das "crescentes ameaças", depois de uma ordem de prisão contra si e de acusações sobre a publicação de resultados eleitorais online que alegadamente comprovam a derrota de Nicolás Maduro nas presidenciais de julho.."Perante esta realidade brutal, é necessário para a nossa causa mantê-lo em liberdade, e preservar a sua integridade e a sua vida", afirmou Machado, citada pela agência espanhola de notícias, a Efe, concluindo que "as tentativas de chantagem e de coação de que foi vítima mostram que o regime não tem escrúpulos nem limites na sua obsessão de silenciá-lo e tentar vergá-lo"..González Urrutia – que contestou a reeleição do Presidente Nicolas Maduro, a 28 de julho – estava escondida há um mês, ignorando três convocatórias sucessivas para comparecer perante os procuradores e argumentar que a participação aa audiência poderia custar a sua liberdade..“Depois de se refugiar voluntariamente na embaixada espanhola em Caracas há alguns dias, (González Urrutia) pediu o asilo político espanhol”, disse o vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodriguez, nas redes sociais, acrescentando que Caracas tinha concordado com a sua passagem segura..O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, disse no X que, a seu pedido, González Urrutia partiu num avião militar espanhol, acrescentando que Espanha estava "comprometida com os direitos políticos" de todos os venezuelanos..Em declarações à televisão espanhola durante uma breve escala em Omã a caminho da China, Albares reafirmou que Espanha concederá "naturalmente" o asilo político ao candidato da oposição às eleições presidenciais da Venezuela.."O Governo vai naturalmente [...] concedê-lo", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol..O advogado de González Urrutia, José Vicente Haro, também confirmou à AFP que o candidato da oposição tinha viajado para Espanha, recusando-se a comentar mais detalhes..Já o alto representante da União Europeia para os Assuntos Externos, Josep Borrell, disse que hoje "é um dia triste para a democracia", após ser confirmado o exílio do candidato presidencial venezuelano Edmundo González em Espanha..A Venezuela está em crise política desde julho, quando as autoridades declararam Maduro o vencedor das eleições. .A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um "ciberataque" de que alegadamente foi alvo..Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais..Após a eleição, os procuradores venezuelanos emitiram um mandado de detenção a González Urrutia por causa da sua insistência de que ele foi o vencedor legítimo das eleições..Falando numa reunião do partido socialista no sábado, o primeiro-ministro Pedro Sanchez descreveu González Urrutia como “um herói que Espanha não vai abandonar”.