Medvedev alerta Trump para risco de “3.ª Guerra Mundial”. Rússia abate mais de 42 drones perto de Moscovo
O ex-Presidente russo Dmitry Medvedev afirmou esta terça-feira esperar que Donald Trump entenda o risco de uma “3.ª Guerra Mundial”, após o Presidente norte-americano ter advertido o Kremlin de que está “a brincar com o fogo”.
“Acerca das palavras de Trump sobre [Vladimir] Putin [residente russo] ‘brincar com o fogo' e 'coisas muito más' a acontecerem à Rússia. Só conheço uma coisa MUITO MÁ: a 3ª Guerra Mundial”, publicou na rede social X Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação Russa.
“Espero que Trump entenda isso!”, adiantou Medvedev, a única pessoa, além de Putin, a exercer o cargo de Presidente da Rússia (2008-2012) desde a queda do regime comunista soviético.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, advertiu esta terça-feira o seu homólogo russo de que está “a brincar com o fogo”, dois dias após ter acusado Vladimir Putin de estar “completamente louco”.
“O que Vladimir Putin não percebe é que, se não fosse eu, muitas coisas muito más já teriam acontecido à Rússia, e quero dizer MUITO más. Ele está a brincar com o fogo!”, escreveu Donald Trump na rede social Truth Social.
No domingo, Trump tinha expressado desagrado com a falta de avanços nas negociações para um cessar-fogo na Ucrânia e com a continuação dos ataques russos contra território ucraniano.
Moscovo intensificou a ofensiva no passado fim de semana, com um ataque recorde com ‘drones’ que causou pelo menos 13 mortos na madrugada de domingo, segundo as autoridades ucranianas.
"Sempre tive muito boas relações com o Presidente russo, Vladimir Putin, mas algo aconteceu com ele. Ficou completamente LOUCO!", escreveu o Presidente norte-americano no domingo na Truth Social, fazendo uso das habituais letras maiúsculas para acentuar a mensagem.
"[Putin] está a matar desnecessariamente muitas pessoas, e não estou a falar apenas de soldados. Mísseis e ‘drones’ estão a ser disparados contra cidades ucranianas sem qualquer motivo", denunciou Trump.
A presidência russa reagiu a estas críticas dizendo que Vladimir Putin toma as decisões necessárias para garantir a segurança do país.
O porta-voz do Kremlin, a sede da presidência russa, Dmitri Peskov, desvalorizou a reação de Trump, qualificando-a como emocional.
“Este é um momento muito importante que está ligado, naturalmente, à carga emocional de absolutamente toda a gente e a reações emocionais”, disse Peskov.
O líder norte-americano também criticou no domingo o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, por "não fazer nenhum favor ao seu país ao falar da forma como fala".
"Tudo o que sai da sua boca cria problemas. Não gosto disso e é melhor que pare", avisou.
Volodymyr Zelensky pediu no domingo que se faça pressão sobre a Rússia, para a obrigar a cessar os ataques. O líder afirmou que "o silêncio dos Estados Unidos e de outros países apenas encoraja Putin".
Desde meados de fevereiro, Washington tem feito repetidos apelos a um cessar-fogo e tem abordado Moscovo para esse fim, sem resultados concretos até à data.
Trump falou há uma semana com o homólogo russo durante uma conversa telefónica de quase duas horas. Na altura, mostrou-se otimista e excluiu qualquer pressão adicional sobre Moscovo.
Os governos russo e ucraniano mantiveram os seus primeiros contactos diretos em mais de três anos na Turquia, em 16 de maio, o que resultou no único compromisso tangível: a troca de 1.000 prisioneiros de cada lado.
Rússia abateu 296 drones durante a noite, pelo menos 42 próximo de Moscovo
As defesas aéreas russas abateram 296 ‘drones’ ucranianos na noite passada em 13 regiões do país, pelo menos 42 dos quais nas proximidades da capital russa, informou o governador da região de Moscovo, Andrei Vorobyov.
"Esta noite, a região de Moscovo foi alvo de um ataque com ‘drones’. As defesas aéreas foram ativadas em 12 municípios da região. No total, 42 ‘drones’ foram abatidos até o momento", escreveu Vorobyov ao início da manhã desta quarta-feira na rede social Telegram.
De acordo com o governador, três prédios residenciais foram danificados na sequência deste ataque, um dos maiores desde o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
O Ministério da Defesa russo precisou que, entre as 21:00 de terça-feira e as 07:00 desta quarta-feira (19:00 de terça-feira e as 05:00 em Lisboa), as defesas aéreas abateram um total de 296 ‘drones’ ucranianos em 13 regiões do país.
Só na região fronteiriça de Bryansk, 59 aparelhos aéreos não tripulados foram destruídos num período de três horas.
"Terroristas ucranianos lançaram outro ataque massivo com ‘drones’ na nossa região. Ao repelir um ataque aéreo contra um prédio de apartamentos (...), ficaram danificadas várias janelas e seis veículos. Não houve vítimas", escreveu o governador de Bryansk, Alexander Bogomaz, no Telegram.
Como nos dias anteriores, aeroportos em várias cidades da parte europeia da Rússia, incluindo Moscovo, suspenderam temporariamente as operações, que foram retomadas assim que os alertas de ataque aéreo foram levantados.
O Kremlin alertou na terça-feira para a intensificação dos ataques com ‘drones’ ucranianos contra território russo, considerando que estes ataques não facilitam o progresso no processo de paz.
De acordo com o Ministério da Defesa, desde o dia 20, a Ucrânia multiplicou o número de ataques com ‘drones’ e foguetes de fabrico ocidental contra infraestruturas civis em território russo.
A capital russa, a centenas de quilómetros da fronteira com a Ucrânia, raramente foi alvo de ataques desde a ofensiva russa contra a Ucrânia, há mais de três anos.
Nos últimos dias, estes ataques contra Moscovo tornaram-se mais frequentes, interrompendo o tráfego aéreo.
A Ucrânia tinha anunciado ter sido alvo de ataques aéreos russos em massa nos últimos dias.