John Bolton, ex-conselheiro de Trump
John Bolton, ex-conselheiro de TrumpRitchie B. Tongo/EPA

Ex-conselheiro de Segurança Nacional de Trump acusado de uso indevido de informações confidenciais

John Bolton negou as acusações e classificou-as como parte de um "esforço intensivo" de Trump para "intimidar os seus adversários". É o terceiro adversário do presidente a enfrentar acusações.
Publicado a
Atualizado a

John Bolton foi na quinta-feira, 16 de outubro, acusado judicialmente de armazenar documentação secreta em casa e de a partilhar com familiares. O antigo conselheiro de Segurança Nacional de Donald Trump, que depois se tornou um acérrimo crítico do republicano, tinha sido definido como um alvo pelo presidente dos Estados Unidos junto da procuradoria, segundo revelou a imprensa local.

John Bolton, de 76 anos, foi acusado de uso indevido de informações confidenciais por um júri em Maryland, perto de Washington, D.C., tornando-se no terceiro adversário de Trump a enfrentar acusações judiciais, depois do ex-diretor do FIB James Comey e da procuradora Letitia James. Aumentam, portanto, as preocupações de que o Departamento de Justiça esteja a perseguir os inimigos políticos do presidente.

John Bolton, ex-conselheiro de Trump
"Não tenho medo". Ex-diretor FBI acusado de obstrução à justiça e perjúrio após pressão de Trump

Bolton enfrenta 18 acusações criminais, incluindo oito de transmissão de informações de defesa nacional e 10 de retenção de informações de defesa nacional.

A acusação alega que o ex-conselheiro no primeiro mandato de Trump "abusou da sua posição (...) ao partilhar com dois familiares não identificados mais de mil páginas de informações sobre as suas atividades diárias", incluindo informações com classificação ultrassecreta.

A acusação não refere quem são os familiares - segundo a AP terão sido a mulher e o filho -, mas diz que Bolton lhes enviou "entradas semelhantes a um diário" utilizando um e-mail não governamental, incluindo "contas de e-mail alojadas pela AOL e pela Google", para enviar informações confidenciais até ao nível ultrassecreto e de Informações Compartimentadas Sensíveis.

Também terá impresso e armazenado em sua casa em Maryland muitas dessas entradas, refere o documento da procuradoria.

A acusação sugere ainda que foram expostas informações confidenciais quando agentes alegadamente ligados ao regime iraniano piratearam a conta de correio eletrónico de Bolton e obtiveram acesso a material confidencial . Segundo os procuradores, um representante de Bolton disse ao FBI em 2021 que os seus e-mails tinham sido pirateados, mas não revelou que havia informações confidenciais na sua conta, ou que as tinha partilhado com dois familiares.

Na quinta-feira, John Bolton negou as acusações e classificou-as como parte de um "esforço intensivo" de Trump para "intimidar os seus adversários". "Agora, tornei-me o mais novo alvo na instrumentalização do Departamento de Justiça para acusar aqueles que considera seus inimigos com acusações que foram anteriormente rejeitadas ou que distorcem os factos", disse.

Questionado na Casa Branca pelos jornalistas sobre a acusação de Bolton, Trump disse não ter conhecimento dela, mas afirmou que o seu ex-conselheiro "é um mau tipo".

“Há um nível de justiça para todos os americanos”, disse a procuradora-geral Pam Bondi, em comunicado. “Qualquer pessoa que abuse de uma posição de poder e ponha em risco a nossa segurança nacional será responsabilizada. Ninguém está acima da lei”, acrescentou.

Segundo a AP, a acusação é significativamente mais detalhada do que aquelas que existem contra o ex-diretor do FBI, James Comey, e a procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James. Diz a agência noticiosa que, ao contrário destes dois, que foram interpostos no último mês por um procurador federal nomeado à pressa, este foi assinado por procuradores de segurança nacional de carreira. E embora a investigação se tenha tornado pública em Agosto, quando o FBI realizou buscas na casa de Bolton em Maryland e no seu escritório em Washington, o inquérito já estava em curso quando Trump tomou posse pela segunda vez em Janeiro passado.

John Bolton, ex-conselheiro de Trump
Trump publicou por acidente mensagem em que pressionava procuradora-geral a investigar adversários

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt