Eurobarómetro. Oito em cada dez europeus apoiam uma política comum de defesa
O mais recente Eurobarómetro, revelado esta quarta-feira, mostra que mais de oito em cada dez europeus (81%) apoiam uma política comum de defesa e segurança entre os Estados-membros, o resultado mais elevado desde 2004. Ao mesmo tempo, 78% estão preocupados com a defesa e a segurança da União Europeia nos próximos cinco anos.
Um resultado que se reflete nas prioridades para o orçamento comunitário apontadas pelos cidadãos europeus: 43% aponta a defesa e segurança como uma prioridade, seguido de emprego, assuntos sociais e saúde pública (42%) e educação, formação, juventude, cultura e meios de comunicação social (34%). “Com 40%, a segurança e a defesa são também o principal domínio que os cidadãos consideram que deve beneficiar de um maior financiamento da UE, seguido da transição energética/energia a preços acessíveis (32%)”, refere a Comissão Europeia em comunicado.
Segundo os europeus, a União Europeia deve tomar medidas a médio prazo no domínio da segurança e da defesa (39%), seguindo-se a economia (29%), a migração (24%) e o clima e o ambiente (24%). Paralelamente, 44% dos cidadãos consideram que garantir a paz e a estabilidade terá o maior impacto positivo na sua vida a curto prazo. De facto, a paz (41%, uma subida de dois pontos) continua a ser o valor que melhor representa o bloco dos 27, seguida da democracia (33%, menos dois pontos) e do respeito pelo Estado de direito, pela democracia e pelos direitos fundamentais (28%).
Mais de metade quer a Ucrânia na UE
Quanto à invasão russa da Ucrânia, 80% dos inquiridos concordam em acolher nos países do bloco pessoas que fogem da guerra, enquanto que mais de três quartos dos europeus (76%) prestam apoio financeiro e humanitário a Kiev. Já 72% dos cidadãos comunitários apoiam a aplicação de sanções económicas contra o governo, empresas e indivíduos russos, enquanto seis em cada dez (60%) aprovam que Bruxelas conceda estatuto de país candidato à Ucrânia e 59% concordam com o financiamento da UE para a compra e o fornecimento de equipamento militar a Kiev.
“A invasão da Ucrânia pela Rússia continua a ser considerada a questão mais importante a nível da UE (27%) em 15 pontos, seguida da situação internacional, com 24%, e da segurança e defesa, com 20%. 77% dos inquiridos europeus concordam que a invasão da Ucrânia pela Rússia constitui uma ameaça para a segurança da UE”, pode ler-se nos dados divulgados ontem pela Comissão Europeia.
Confiança no nível mais elevado em 18 anos
Os resultados deste Eurobarómetro mostram ainda o mais elevado nível de confiança na União Europeia em 18 anos (52%), sendo que esta confiança é mais alta entre os jovens com idades entre os 15 e os 24 anos (59%). “Atingindo outro recorde de 18 anos, 52% dos europeus afirmam confiar na Comissão Europeia, com uma pontuação mais uma vez particularmente elevada entre os jovens cidadãos (57%). Ao mesmo tempo, 36% dos europeus dizem confiar no seu governo nacional e 37% dizem confiar no seu parlamento nacional”, nota ainda o mesmo comunicado.
De notar ainda que 75% dos inquiridos, o nível mais elevado em duas décadas, dizem sentir-se cidadãos comunitários e 62% sentem-se otimistas quanto ao futuro da União Europeia.
Nota positiva também para o euro, que recebeu o maior apoio de sempre num inquérito do Eurobarómetro, tanto entre os cidadãos da UE (74%), como na zona euro (83%). Já sobre a perceção da situação da economia do bloco, 44% dos europeus consideram-na boa, quatro pontos percentuais abaixo daqueles que a consideram má.
Este inquérito revela ainda que 86% concordam que o aumento das tarifas comerciais é prejudicial para a economia mundial, mas, na perspetiva de outros países aumentarem as sua taxas aduaneiras sobre as importações vindas da UE, 80% dos inquiridos concordam que Bruxelas devem impor tarifas em resposta à defesa dos seus interesses.
Este mais recente inquérito do Eurobarómetro foi realizado entre 26 de março e 22 de abril de 2025 nos 27 Estados-membros. No total, foram entrevistados presencialmente 26368 cidadãos da UE. Foram igualmente realizadas entrevistas em nove países candidatos e potenciais candidatos (todos exceto a Ucrânia) e no Reino Unido.