Um helicóptero paira sobre um enorme navio, ao largo da costa da Venezuela, enquanto homens armados descem por cordas até ao convés. O vídeo, de apenas 45 segundos, foi divulgado nas redes sociais pelo procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, e mostra o momento em que militares americanos se apoderam de um petroleiro que Washington acusa de transportar “petróleo sancionado da Venezuela e do Irão”. Este é apenas o último episódio na campanha de pressão de Washington sobre o governo de Nicolás Maduro, que já o considerou como um “ato de pirataria internacional”. .“Acabamos de apreender um petroleiro na costa da Venezuela, um grande. O maior já apreendido, na verdade”, informou Donald Trump. Questionado sobre o destino do petróleo a bordo, o presidente dos EUA admitiu: “Ficamos com ele, acho eu.” Ao fim da tarde, a porta-voz da Casa Branca confirmou que o petroleiro apreendido deverá navegar para um porto dos EUA. Em conferência de imprensa, Karoline Leavitt afirmou que "os EUA pretendem apreender o petróleo, mas existe um processo legal para a apreensão desse petróleo, e esse processo legal será seguido." Atualmente, está a decorrer uma investigação sobre o navio, que envolve uma equipa no terreno e entrevistas com a tripulação a bordo, disse ainda Leavitt. A apreensão envolveu dois helicópteros, dez fuzileiros navais e dez membros da Guarda Costeira dos EUA, além de forças de operações especiais, disse uma fonte familiarizada com a operação à CBS. O embarque no navio envolveu um grupo de elite da Guarda Costeira chamado Equipa de Segurança Marítima e Resposta. Esta equipa é treinada em contraterrorismo e procedimentos de abordagem de alto risco - como a abordagem por corda rápida a partir de um helicóptero, que se pode ver no vídeo. Foi criada após os ataques de 11 de setembro de 2001.A apreensão do petroleiro está a gerar preocupações entre os congressistas e senadores americanos. Citado pelo jornal The Hill, o senador Rand Paul terá admitido à NewsNation que a ação “parece-se muito com o início de uma guerra” e que não é “função do governo norte-americano andar à procura de monstros pelo mundo, procurando adversários e iniciando guerras”.Uma preocupação partilhada pelo também senador Chris Coons que, ao mesmo NewsNation afirmou que, mesmo não conhecendo os pormenores da operação, está “profundamente preocupado com o facto de Trump estar a conduzir-nos como sonâmbulo para uma guerra com a Venezuela”.Em Caracas, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Yván Gil, qualificou a ação dos EUA como “um roubo descarado”. Num comunicado divulgado no Telegram, o governante recorda que não é a primeira vez que Washington admite tais ações, lembrando que na campanha para as presidenciais americanas de 2024, Trump afirmou que o seu objetivo sempre foi ficar com o petróleo venezuelano sem pagar nada em troca. E prossegue: “A Venezuela apela a todo o povo venezuelano para que se mantenha firme na defesa da pátria e exorta a comunidade internacional a rejeitar esta agressão ilegal e sem precedentes, que se pretende normalizar como ferramenta de pressão e pilhagem.”Aplaudida pela opositora María Corina Machado como “um passo necessário” para confrontar o regime “criminoso” de Maduro, a apreensão do petroleiro foi comentada também pelo ministro dos Negócios Estrangeiros russo. Sergei Lavrov apelou a mais esclarecimentos sobre o que aconteceu.Há dias, Trump afirmou que os dias de Maduro, “estão contados”, não descartando uma invasão terrestre da Venezuela pelas forças americanas. Os EUA mantêm há várias semanas um importante destacamento naval nas águas do Mar das Caraíbas perto da nação sul-americana, visto por Caracas como uma ameaça com o objetivo de promover uma mudança de regime. Washington tem multiplicado ataques contra embarcações alegadamente usadas por traficantes de droga..Petróleo cai mais de 1% após os EUA apreenderem petroleiro da Venezuelano