Começou esta segunda-feira uma nova ronda de conversações entre as delegações dos Estados Unidos e da Rússia em Riade, na Arábia Saudita, com vista a um cessar-fogo na Ucrânia. Em cima da mesa está uma proposta de trégua temporária nas infraestruturas energéticas, que poderá abranger um acordo sobre transporte marítimo de cereais no Mar Negro.
Depois das negociações com a delegação de Kiev, no domingo, e as conversas telefónicas entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e os líderes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, os EUA pretendem fazer progressos para um cessar-fogo no Mar Negro, antes de se atingir um acordo para uma trégua mais ampla num conflito que dura há mais de três anos.
De acordo com a Reuters, Washington diz que o objetivo das conversações desta segunda-feira é chegar a um cessar-fogo no Mar Negro, de modo a permitir a livre circulação de navios e o transporte marítimo de cereais.
A agência de notícias, que cita uma fonte familiarizada com o processo negocial, refere que a delegação dos EUA é liderada por Andrew Peek, do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, e Michael Anton, um alto funcionário do Departamento de Estado.
Do lado da Rússia, a delegação é composta por Grigory Karasin, um antigo diplomata que é agora presidente da Comissão dos Negócios Estrangeiros do Conselho da Federação, e Sergei Beseda, um conselheiro do diretor do FSB (serviços de informações russos).
A reunião entre as delegações de Washington e Moscovo segue-se a um encontro realizado no domingo à noite na capital saudita entre representantes ucranianos e norte-americanos para discutir os pormenores de um possível cessar-fogo de 30 dias.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que as conversações em Riade sobre uma trégua parcial para instalações de energia e infraestruturas críticas, decorreram de forma "muito útil" e construtiva.
O ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, que liderou a delegação de Kiev, falou numa reunião "muito útil", disse Zelensky na habitual mensagem de vídeo.
"Independentemente do que estivermos a falar com os nossos parceiros, temos de pressionar Putin para que dê uma ordem concreta para parar os ataques: quem provocou esta guerra tem de acabar com ela", defendeu Zelensky.
Esta foi a segunda reunião das equipas de negociação ucraniana e norte-americana na Arábia Saudita, após o encontro de alto nível realizado em Jeddah no dia 11. Desta vez, as conversações decorreram a um nível mais técnico. Da ordem de trabalhos fizeram parte propostas para proteger as instalações de energia e as infraestruturas críticas num cessar-fogo parcial.
As conversações desta segunda-feira entre Washington e Moscovo acontecem no dia em que as Forças de Operações Especiais da Ucrânia anunciaram ter destruído quatro helicópteros russos em Belgorod, junto à fronteira ucraniana.
Dois helicópteros de ataque Ka-52 e dois helicópteros de transporte Mi-8 estavam escondidos numa “posição oculta” utilizada para “uma rápida redistribuição ou ataques contra a Ucrânia”, informaram as forças especiais de Kiev.
Segundo o jornal The Kyiv Independent, que cita as Forças de Operações Especiais, os helicópteros foram destruídos com recurso ao sistema de rockets Himars, de fabrico norte-americano.
A Rússia, por sua vez, lançou um ataque com quase 100 drones contra várias regiões ucranianas, incluindo a capital. Pelo menos quatro pessoas morreram e 13 ficaram feridas, de acordo com as autoridades regionais.
A força aérea da Ucrânia afirmou ter abatido 57 dos 99 drones russos que foram lançados durante a noite, noticia o The Guardian.
Além da região de Kiev (capital), Kharkiv, Sumy, Kirovohrad e Zaporíjia também foram afetadas por este ataque com drones.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 2014, anexando a Península da Crimeia, e em 2022 iniciou uma campanha militar de grande escala contra território ucraniano.
Com Lusa