Estudante de direito brasileira suspeita de ser 'serial killer' nas horas vagas
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Estudante de direito brasileira suspeita de ser 'serial killer' nas horas vagas

Ana Paula Veloso Fernandes foi presa por suspeita de matar quatro pessoas em cinco meses “por prazer”, segundo polícia. E cães, para experimentar venenos. Gémea também detida seria “serial cúmplice”.
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“Eu chamei o meu vizinho há uns três dias e ele não responde”, diz a voz, assustada, de uma mulher num alerta telefónico à polícia. Quando os agentes chegam são levados pela mesma pessoa ao local onde mora o homem, em Guarulhos, São Paulo, mas encontram-no já sem vida. “O que houve?”, pergunta ela. Ao ser informada pela polícia do falecimento do vizinho, Marcelo Fonseca, 51 anos, leva as mãos à boca em sinal de incredulidade. Mas a mulher que avisou a polícia, indicou o local do crime e se surpreendeu com a notícia da morte é afinal a autora confessa do homicídio. 

Ana Paula Veloso Fernandes, estudante de direito, 35 anos, “mata por prazer”, disse à TV Globo o delegado de polícia Halisson Leite. A polícia suspeita que Ana Paula já matou desde aquele 31 de janeiro mais três pessoas - ela só confessou um desses crimes -, razão pela qual é considerada por especialistas uma “assassina em série”, ou serial killer, o termo em inglês.

O corpo de Fonseca, 51 anos, foi encontrado em avançado estado de putrefação. Ana Paula conviveu com o cadáver por alguns dias e fez desaparecer objetos para atrapalhar as investigações, que concluíram, num primeiro momento, que ele, morto com uma facada na axila, teria sido alvo de algum tipo de vingança por estar envolvido no mundo do crime. A serial killer, porém, confessou. E justificou a execução por Marcelo, bêbado, ter apontado uma faca para Caio, filho dela.

Outros assassinatos, entretanto, alertaram a polícia brasileira. Ainda em Guarulhos, a estudante de direito é suspeita de ter morto a 11 de abril uma mulher chamada Maria Aparecida Rodrigues. Depois de semanas de amizade, Ana Paula convidou Aparecida, que havia conhecido num site de namoro, para um café e um bolo, supostamente envenenados, na casa dela. Segundo a polícia, ela teria então tentado incriminar Diego Sakaguchi, um polícia casado com quem mantinha relação, e a mulher dele. 

Ana Paula enviou ainda, diz o delegado Halisson Leite, um bolo envenenado para a turma da universidade onde estuda. “Para a turma de Direito 4D, um ótimo feriadão! Um bolo para adoçar a manhã de vocês!”, escreveu num bilhete, embora tenha assinado com o nome da cônjuge de Sakaguchi para a incriminar. Na sequência, foi à polícia levar o bolo, que estava com cheiro estranho e forte, denunciar a rival. “Foi através desse inquérito que chegamos à conclusão de que ela não era vítima mas sim uma serial killer, por sorte ninguém tocou no bolo”, contou o delegado.

a 26 de abril o reformado Neil Corrêa da Silva, 65 anos, foi morto por Ana Paula, por envenenamento numa feijoada, em Duque de Caxias, Rio de Janeiro, de onde a suspeita é natural. Neil, cujo assassinato ela também já confessou, foi a única vítima com a qual a serial killer não tinha relação anterior. Segundo a polícia, foi a colega de turma Michelle da Silva, filha de Neil, que encomendou o crime por 4000 reais - equivalente a cerca de 630 euros. Michelle, 43 anos, também foi presa durante uma aula do curso de direito. Ela contou a Ana Paula que Neil havia abusado dela e violado até animais de estimação.  

O último crime, ocorrido a 23 de maio, em São Paulo, pelo qual Ana Paula é acusada, mas que ainda não confessou, é o de Hayder Mhazres, tunisino de 21 anos com quem mantinha uma relação. Hayder sentiu-se mal enquanto Ana Paula estava em casa dele mas o corpo, por ter seguido para a Tunísia, não foi exumado. A polícia acredita que o jovem foi envenenado pela estudante. 

Em todos os crimes foi Ana Paula Veloso Fernandes quem avisou primeiro a polícia e em todos eles interessou-se pelo decorrer das investigações. Nas quatro mortes, a serial killer terá tido também, de acordo com os investigadores, a parceria da irmã gémea também detida Roberta Veloso Fernandes. “É uma serial cúmplice”, classifica a criminóloga Ilana Casoy ao site G1.

Nos envenenamentos, Ana Paula experimentou chumbinho, substância venenosa usada sobretudo contra ratos, que foi testando nos três cães da irmã e nos 10 cachorros que nasceram de uma delas, todos mortos. Um ex-marido dela acusa-a de também ter abatido os quatro cães dele e de ameaçar matá-lo com um martelo. 

Ilana Casoy disse que o que define o “serial killer” não é o prazer no ato mas a repetição de homicídios com intervalo entre eles. “São dois ou mais assassinatos cometidos em momentos distintos, com uma assinatura própria. Um ritual que revela as mesmas necessidades psicológicas, mesmo quando o modo de agir é diferente".

“Esse conjunto entre o ritual e o modus operandi é a assinatura particular de cada um. Esses crimes têm que ter acontecido em eventos separados, em datas diferentes, com algum intervalo de tempo relevante entre eles”, conclui. 

O advogado de Ana Paula, que é o mesmo da irmã, por agora só disse à imprensa que efetua uma investigação paralela dos casos. 

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