O reator de água pesada de Arak.
O reator de água pesada de Arak.Wikimedia Commons

Estas são as instalações nucleares conhecidas do Irão

A Agência Internacional de Energia Atómica garantiu estar “a monitorizar de perto a situação preocupante no Irão” depois dos ataques levados a cabo por Israel.
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A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) garantiu esta sexta-feira, 13 de junho, estar “a monitorizar de perto a situação preocupante no Irão”, confirmando ainda que a maior central de urânio do do país, em Natanz, foi atingida por Israel, mas que “os níveis de radiação não aumentaram”. Foi ainda dito que uma outra central, em Bushehr, não foi atacada. 

Estas são duas das instalações nucleares do Irão, mas existem mais declaradas oficialmente para as inspeções regulares da AIEA, que na sexta-feira anunciou que Teerão se encontrava incumprimento, pela primeira vez em 20 anos, por não colaborar com os inspetores desta agência das Nações Unidas. 

Natanz

A central nuclear de Natanz, localizada a cerca de 220 quilómetros a sudeste de Teerão, é o principal local de enriquecimento de urânio do país, e a sua existência foi conhecida em 2002. Opera cerca de 70 cascatas, ou seja, grupos de centrifugadoras que trabalham em conjunto para enriquecer urânio mais rapidamente. Parte das suas instalações são subterrâneas como proteção contra potenciais ataques aéreos. Mesmo assim, em abril de 2021, o local foi danificado num ataque que o Irão atribuiu a Israel, tendo sido novamente atingida agora. 

Fordo

Esta central de enriquecimento de urânio, a cerca de 100 quilómetros a sudoeste de Teerão, foi construída de forma secreta debaixo de uma montanha perto da cidade sagrada de Qom e está protegida por baterias antiaéreas. De acordo com a AIEA, a sua construção começou pelo menos em 2007, mas em 2009, e depois de várias agências de informação de países Ocidentais terem tido conhecimento da sua existência, é que o Irão notificou a agência da ONU sobre a sua construção. Em março de 2023, a AIEA informou que tinha descoberto urânio enriquecido com 83,7% de pureza em Fordo, enquanto os reatores de investigação requerem um enriquecimento de apenas 20% e uma arma nuclear requer um enriquecimento de 90%. Já em agosto do ano passado, o Irão aumentou o número de centrifugadoras em Fordo e instalou pelo menos 10 cascatas de centrifugadoras IR-6 avançadas, permitindo um maior enriquecimento de urânio.

Bushehr

É a única central nuclear comercial do Irão e fica em Bushehr, no Golfo Pérsico, a cerca de 750 quilómetros a sul de Teerão. A sua construção começou em 1975, ainda sob o governo do Xá Reza Pahlavi, mas foi suspensa quatro anos depois, aquando da Revolução Islâmica, tendo sido alvo repetidas vezes durante a guerra entre o Irão e o Iraque. Posteriormente, a Rússia concluiu a construção da instalação, em março de 2009, tendo começado a operar com capacidade dois anos depois, antes de ser ligada à rede elétrica nacional em 2012. Em novembro de 2014, o Irão e a Rússia assinaram um acordo para construir dois novos reatores nucleares em Bushehr, com uma opção de mais seis noutros locais. A Rússia continua a fornecer combustível nuclear à central e permanece sob controlo da AIEA.

Arak

O reator de água pesada de Arak fica a 250 quilómetros a sudoeste de Teerão e a sua inauguração foi anunciada pelo Irão em agosto de 2006. Três anos depois, o Irão concedeu à AIEA o acesso à instalação, mas não permitiu que vissem os seus planos detalhados, mantendo assim o seu propósito obscuro, mas foi avaliado que o reactor concluído era capaz de produzir 9 a 10 kg de plutónio de grau militar, o suficiente para até duas armas nucleares, anualmente. O Irão tinha concordado, no acordo nuclear que assinou em 2015 com os Estados Unidos e outros países ocidentais, em redesenhar a instalação para aliviar as preocupações com a proliferação.

Teerão

O Reator de Investigação de Teerão fica na sede da Organização de Energia Atómica do Irão, o organismo civil que supervisiona o programa atómico do país, e foi fornecido pelos Estados Unidos em 1967 no âmbito do programa Átomos para a Paz. Foi um ponto central nas negociações que conduziram ao Plano de Acção Conjunto Abrangente (JCPOA) de 2015 devido ao seu potencial de utilização dupla - embora o reator tenha sido concebido principalmente para a produção de isótopos médicos, a sua capacidade de operar com urânio altamente enriquecido levantou preocupações sobre as suas possíveis aplicações militares. 

Isfahan

O Centro de Tecnologia Nuclear de Isfahan, localizado a cerca de 350 quilómetros a sudeste de Teerão, foi criado em 1984 e construído com assistência chinesa. Emprega cerca de 3000 cientistas e opera três reatores de investigação, bem como outras instalações e laboratórios, nomeadamente chineses. Em agosto de 2003, a Organização de Energia Atómica do Irão enviou uma carta à AIEA na qual afirmava que as experiências de produção de água pesada no em Isfahan começaram em meados da década de 1980, apontando para uma instalação de produção de água pesada à escala laboratorial no local, o que motivou posteriormente a construção de um reator de água pesada à escala real.

Karaj

O Centro de Investigação Agrícola e Medicina Nuclear foi criado em 1991 e é gerido pela Associação de Energia Atómica do Irão. A AIEA identifica o local como servindo também como armazenamento de resíduos radioativos, estando sinalizado à data de novembro, como parcialmente operacional. 

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