O primeiro-ministro polaco anunciou esta terça-feira, 18 de novembro, que foram identificados os principais suspeitos dos atentados de sabotagem ferroviária ocorridos no fim de semana, adiantando que se tratam de dois ucranianos que entraram na Polónia vindos da Bielorrússia este outono e que, acredita-se, trabalhavam para os serviços de informação russos. Donald Tusk referiu ainda que, após os atentados, ambos fugiram para a Bielorrússia.Falando no parlamento, o governante explicou que no primeiro incidente, na aldeia de Mika, um engenho explosivo C-4 de uso militar foi detonado nos carris enquanto passava um comboio de mercadorias, utilizando um aparelho ligado a este por um cabo de 300 metros de comprimento, tendo sido encontrados no local explosivos que não detonaram. O comboio sofreu danos ligeiros na parte inferior, mas danificou gravemente os carris.No segundo incidente, perto de Pulawy, foi instalada uma braçadeira de aço nos carris com o provável objetivo de descarrilar o comboio, havendo nas proximidades um telemóvel para registar o sucedido. De referir que estas duas localidades fazem parte da linha ferroviária entre Varsóvia e Lublin, ligando assim a capital polaca à fronteira ucraniana, tendo Donald Tusk sublinhado ontem que esta é uma rota “crucial para o envio de ajuda” ao país vizinho.“Estes actos de sabotagem e as ações dos serviços russos em toda a Europa, não apenas na Polónia, estão infelizmente a ganhar força. Estamos a lidar com uma escalada”, disse Tusk, revelando a Polónia vai elevar o nível de alerta para o terceiro patamar, numa escala de quatro, em relação a algumas partes da infraestrutura ferroviária do país.Para o primeiro-ministro polaco, a Rússia está interessada “não só no efeito direto deste tipo de ações, mas também nas consequências sociais e políticas”, como “a desorganização, o caos, o pânico, a especulação, a incerteza” e “a incitação de sentimentos possivelmente radicalmente antiucranianos”. “Isto é particularmente perigoso em países como a Polónia, onde já temos fardos suficientes para suportar devido a mais de um milhão de refugiados ucranianos”, acrescentou.Ficou ainda a saber-se que Varsóvia vai exigir a detenção e a extradição dos suspeitos, um dos quais já tinha sido condenado por sabotagem na Ucrânia. “Trataremos disto tanto com as autoridades da Bielorrússia como da Rússia, mas também tomaremos medidas adicionais que, espero, levarão à rápida captura dos autores do crime”, referiu Tusk.O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Andrii Sybiha, declarou esta terça-feira a “solidariedade de Kiev com a Polónia, país amigo, após um ato de sabotagem” e disse que a Ucrânia está pronta para prestar auxílio. A linha ferroviária ucraniana tem também sido um alvo da Rússia, tendo sido revelado este fim de semana pelo vice-primeiro-ministro Oleksii Kuleba que, desde o início do ano, houve 800 ataques e mais de 3000 instalações ferroviárias foram danificadas.O Kremlin acusou esta terça-feira a Polónia de sucumbir à russofobia, referindo que Moscovo “é acusado de todas as manifestações da guerra híbrida e direta que está a ocorrer”. “Na Polónia, digamos, todos estão a tentar antecipar-se à locomotiva europeia nesse aspeto. E a russofobia, claro, está a florescer por lá”, declarou o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov..Durão Barroso diz que Europa deve preparar-se para guerra com Rússia. "Se a Polónia for atacada, Portugal tem o dever de ajudar".Ucrânia já sofreu mais de 800 ataques a infraestruturas ferroviárias este ano