Estados Unidos saem da UNESCO dois anos após regresso à organização
Os Estados Unidos anunciaram esta terça-feira, 22 de julho, a saída da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), dois anos após o regresso, alegando o que considera ser o pendor anti-Israel desta estrutura da ONU.
A diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, reagiu de imediato, dizendo que "lamenta profundamente" a decisão do Presidente norte-americano, mas reconhecendo que o anúncio era esperado.
A decisão da Casa Branca foi conhecida hoje, através de uma declaração da porta-voz adjunta da Casa Branca, Anna Kelly, citada pelo jornal The New York Post: "O Presidente Trump decidiu retirar os Estados Unidos da UNESCO, por apoiar causas culturais e sociais totalmente fora de sintonia com as políticas votadas pelos americanos em novembro", nas eleições presidenciais.
A decisão vai entrar em vigor no final de dezembro de 2026, noticiou a agência Associated Press (AP).
Esta é a terceira vez que os Estados Unidos abandonam a UNESCO, com sede em Paris, e a segunda numa administração Trump.
Em 2017, durante o primeiro mandato de Donald Trump, a saída da UNESCO foi justificada pelo alegado preconceito anti-Israel da organização. A decisão entrou em vigor um ano depois.
Em 2023, os Estados Unidos regressaram à UNESCO, após a administração do ex-presidente Joe Biden ter solicitado o reingresso.
No passado mês de fevereiro, Trump ordenou uma revisão da presença na UNESCO, pedindo especial atenção a qualquer manifestação de "antissemitismo ou sentimento anti-Israel dentro da organização."
De acordo com fontes da Casa Branca, citadas esta terça-feira pela imprensa norte-americana, nos últimos meses foram avaliadas as políticas de diversidade, equidade e inclusão da UNESCO, assim como "o seu pendor pró-Palestina e pró-China".
Em causa estão decisões da UNESCO como a classificação de "Património Mundial da Palestina", em sítios que a administração Trump alega serem judeus, e o uso da palavra "ocupação" para os territórios palestinianos ocupados por Israel, segundo as resoluções das Nações Unidas.
A Casa Branca de Trump também critica em particular a iniciativa “Transforming MEN’talities”, que visa abordar questões de género, promover a inclusão e trabalhar normas sociais que sustentam preconceitos.
Esta iniciativa acompanhou no ano passado a campanha do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher e publicou relatórios sobre a igualdade de género na Índia, os videojogos e o modo como estes podem promover inclusão.
“Não se trata apenas de controlar os impactos negativos dos videojogos, mas também de contar com eles para abordar estereótipos socioculturais e incentivar comportamentos positivos e antidiscriminatórios”, afirmou na altura a diretora-geral adjunta para as Ciências Sociais e Humanas da UNESCO, Gabriela Ramos.
Os Estados Unidos saíram pela primeira vez da UNESCO em 1983, durante a presidência de Ronald Reagan, alegando que a organização era mal gerida, corrupta e utilizada para promover os interesses da União Soviética.
O regresso à UNESCO aconteceu em 2003, durante a presidência de George W. Bush.