EUA dizem que Rússia continua a aumentar presença militar
Os Estados Unidos continuam a observar um reforço de tropas russas junto às fronteiras com a Ucrânia, disse esta sexta-feira o secretário de Defesa dos EUA, LLoyd Austin.
"Embora a Rússia tenha anunciado que está a fazer regressar as suas tropas aos quartéis, ainda não o vimos. Na verdade, estamos a observar mais forças a mover-se para esta região de fronteira", disse Austin, durante a sua visita a Varsóvia, onde esteve reunido com o seu homólogo polaco, Mariusz Baszczak.
"Também os vemos continuar a preparar-se aproximando-se da fronteira, posicionando tropas, aumentando as suas capacidades logísticas", acrescentou Austin.
Contudo, o secretário de Defesa norte-americano continua confiante de que será possível uma solução pacífica para a crise.
"Ainda há tempo e espaço para a diplomacia", disse Austin.
"Os Estados Unidos, juntamente com nossos aliados e parceiros, incluindo a Polónia, ofereceram a Putin um caminho que o leva para longe da crise e para uma maior segurança", explicou Austin.
Entretanto, o Presidente norte-americano, Joe Biden, vai realizar hoje uma videoconferência sobre a crise na Ucrânia com vários líderes europeus, do Canadá e da NATO.
No encontro virtual participam Biden, Justin Trudeau (primeiro-ministro do Canadá), Ursula von der Leyen (presidente da Comissão Europeia), Charles Michel (presidente do Conselho da UE), Mario Draghi (primeiro-ministro de Itália), Jens Stoltenberg (secretário-geral da NATO), Olaf Scholz (chanceler alemão), Andrzej Duda (Presidente da Polónia), Klaus Johannis (Presidente da Roménia), Boris Johnson (primeiro-ministro britânico) e Emmanuel Macron (Presidente da França).
Depois de Lloyd Austin alertar para o reforço de tropas russas junto às fronteiras com a Ucrânia, o embaixador dos Estados Unidos na OSCE, Michael Carpenter, disse que o seu Governo estima que a Rússia enviou até 190 mil soldados para as fronteiras com a Ucrânia, contra 100 mil em 30 de janeiro.
Este destacamento - que o embaixador norte-americano descreve como "a mobilização militar mais significativa na Europa desde a Segunda Guerra Mundial" - inclui tropas russas na Bielorrússia, na Rússia e na península da Crimeia, anexada por Moscovo em 2014.
Carpenter apresentou estes números durante uma reunião em Viena da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), convocada pela Ucrânia, na qual a Rússia decidiu não participar, tal como tinha feito num outro encontro, na passada terça-feira.
De acordo com o "Documento de Viena" - um mecanismo de redução de risco - qualquer um dos 57 países membros da OSCE pode pedir explicações sobre movimentos militares incomuns perto das suas fronteiras.
Carpenter sublinhou que, além dos exercícios militares em terra perto da Ucrânia, o Exército russo realizou um exercício naval de grande dimensão no Mar Negro, no Mar Báltico e no Ártico.
"Só no Mar Negro o exercício envolve mais de 30 navios e estimamos que vários navios de desembarque anfíbios foram transferidos da frota do Norte e do Báltico para o Mar Negro para aumentar as suas forças na região", explicou o embaixador, que alertou ainda para as eventuais tentativas da Rússia de criar um pretexto para justificar uma invasão da Ucrânia.
"Temos informações de várias fontes com pormenores dos esforços da Rússia para fabricar supostas 'provocações ucranianas' e formar uma narrativa pública para justificar uma invasão russa", disse o embaixador dos EUA.
O representante dos EUA na OSCE propôs à Rússia várias medidas para reduzir as tensões, incluindo o convite de observadores para áreas com concentração de tropas e voos de verificação com helicópteros.
Também hoje, e no mesmo sentido de procurar uma diminuição do clima de tensão, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, conversou telefonicamente com o seu homólogo russo, Sergei Shoigu, pedindo uma "redução da escalada", alegando que as tensões nas fronteiras da Ucrânia estão num pico.
O chefe do Pentágono "pediu uma redução da escalada, o regresso às bases das forças russas que cercam a Ucrânia e uma solução diplomática", esclarece um comunicado do Departamento de Defesa norte-americano.