Vários especialistas da ONU denunciaram esta quinta-feira, 21 de agosto, as "horríveis torturas sexuais" a que foram submetidos civis ucranianos em regiões da Ucrânia ocupadas pela Rússia, numa altura em que decorrem conversações sobre um possível plano de paz.A Rússia é acusada, num comunicado, de levar a cabo uma "política deliberada e sistemática de tortura" na Ucrânia.A Relatora Especial sobre Tortura, Alice Jill Edwards, juntamente com vários outros especialistas, enviou um dossier documentando esses casos à Federação Russa.Em causa estão 10 civis ucranianos "maltratados nas regiões ocupadas da Ucrânia, nomeadamente Kherson, Kharkiv e Zaporijia"."Estas acusações distintas, relatando as experiências de quatro mulheres e seis homens, são verdadeiramente horríveis", afirmou Edwards, referindo que se trata apenas de uma "pequena amostra".As vítimas foram submetidas a "violência altamente sexualizada, incluindo violações, ameaças de violação e outros comportamentos depravados". Em todos os casos documentados foram repetidamente administrados choques elétricos, especialmente nos órgãos genitais."Estes civis foram espancados, agredidos, vendados e, em alguns casos, submetidos a simulações de afogamento e execuções simuladas", indicam os especialistas no comunicado."Uma regra elementar do Direito Internacional da guerra estipula que os civis devem ser protegidos. A Rússia parece ter abandonado totalmente as normas internacionais. É mais do que tempo de ela prestar contas por estas práticas ilegais e de todos os Estados com influência sobre ela exercerem uma pressão acrescida", vincou Edwards..Para Moscovo, cimeira com Zelensky seria para selar acordo e não para negociar.A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia a cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado, em ofensivas com ‘drones’ (aeronaves não-tripuladas), alvos militares em território russo e na península da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014.No plano diplomático, após um longo impasse nas conversações entre Moscovo e Kiev, realizou-se a 15 de agosto uma cimeira no Alasca entre os Presidentes norte-americano, Donald Trump, e russo, Vladimir Putin, sobre a guerra na Ucrânia, com a possibilidade de um cessar-fogo como a principal questão em debate, mas não foram alcançados quaisquer resultados..Três exigências de Putin à Ucrânia: abdicar do Donbass, renunciar à NATO e a tropas ocidentais no território .Na segunda-feira, Trump recebeu na Casa Branca o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e uma comitiva de alto nível com vários líderes europeus.A Rússia rejeitou até agora qualquer cessar-fogo prolongado e exige, para pôr fim ao conflito, que a Ucrânia lhe ceda quatro regiões – Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporijia - além da península da Crimeia anexada em 2014, e renuncie para sempre a aderir à NATO.Estas condições são consideradas inaceitáveis pela Ucrânia, que, juntamente com os aliados europeus, tem exigido um cessar-fogo incondicional de 30 dias antes de entabular negociações de paz com Moscovo.Por seu lado, a Rússia considera que aceitar tal oferta permitiria às forças ucranianas, em dificuldades na frente de batalha, rearmar-se, graças aos abastecimentos militares ocidentais.