“Esta casa é solidária com Mzia e Andrzej e apela à sua libertação imediata da prisão “ porque dizer a verdade ao poder nunca deve ser um crime”, afirmou ontem em Estrasburgo a presidente do Parlamento Europeu (PE), Roberta Metsola, na entrega do Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento de 2025 aos jornalistas Andrzej Poczobut e Mzia Amaglobeli. O bielorrusso e a georgiana foram distinguidos pela sua “corajosa luta pela liberdade de expressão e pelo futuro democrático da Bielorrússia e da Geórgia”.Andrzej Poczobut, jornalista, ensaísta, bloguista e membro da minoria polaca na Bielorrússia, fez-se representar pela filha, Jana Poczobut, que diante dos eurodeputados disse ser “uma grande honra” receber o prémio em nome do pai. “Há quase cinco anos que a minha família vive no silêncio e na incerteza, separada de um ente querido. Quero aqui manifestar a minha mais profunda gratidão ao Parlamento Europeu por recordar o meu pai, bem como todas as famílias que vivem com as mesmas perguntas sem resposta”, prosseguiu. A Bielorrússia tem estado na mira do Parlamento Europeu, com os eurodeputados a aprovarem várias resoluções que condenam a repressão naquela antiga república soviética e forte aliado de Moscovo, exigindo a libertação de presos políticos, denunciando a cumplicidade do presidente Aleksandr Lukashenko (que esta semana libertou 123 presos políticos, incluindo o Nobel da Paz, Ales Bialiatsk em troca do alívio das sanções dos EUA) com a Rússia na guerra contra a Ucrânia e apelando para o reforço das sanções e do apoio às forças democráticas, aos media independentes e aos defensores dos Direitos Humanos. A oposição bielorrussa já venceu o Sakharov em 2020.Já Mzia Amaglobeli, jornalista georgiana, cofundadora e diretora dos media independentes Batumelebi e Netgazeti, fez-se representar pela jornalista Irma Dimitradze. Na carta da galardoada que Dimitradze leu, Amaglobeli afirmava: “Aceito (o prémio) em nome dos meus colegas, os jornalistas que estão agora a lutar na Geórgia para salvar o jornalismo enquanto tal. Trabalham incansavelmente para garantir que se ouve a voz da resistência dos cidadãos da Geórgia e que a verdade não é silenciada.”Em junho de 2025, o PE apelou à libertação de Mzia Amaglobeli, condenando “os ataques sistémicos do regime do Sonho Georgiano às instituições democráticas, à oposição política, aos meios de comunicação social independentes, à sociedade civil e à independência do poder judicial”.O Prémio Sakharov, assim chamado em homenagem ao físico e dissidente soviético Andrei Sakharov, é a mais alta distinção da UE no domínio dos direitos humanos. É atribuído anualmente pelo PE, desde 1988, a pessoas, grupos ou organizações, em reconhecimento do seu trabalho na defesa dos direitos humanos, da liberdade de expressão e dos valores democráticos. A distinção inclui uma recompensa monetária de 50 mil euros.